Greenpeace publica calendário com 365 motivos para rejeitar energia nuclear

Após 20 anos da tragédia de Chernobyl, o Greenpeace publicou na última semana um calendário inédito que aponta, para cada dia do ano, um acidente ou incidente nuclear ocorrido em algum lugar do planeta desde o surgimento da tecnologia nuclear até os dias atuais. São 365 episódios que ilustram que morte e destruição acompanham não só as bombas atômicas, mas também o uso comercial da energia nuclear.

Sem considerar estas ameaças, o risco da aventura nuclear no Brasil segue existindo. “A possibilidade de o Governo Federal dar continuidade ao Programa Nuclear Brasileiro só aumenta os riscos de mais acidentes”, afirma Guilherme Leonardi, coordenador da campanha antinuclear do Greenpeace. “Em 1987, o Brasil também foi palco do maior acidente radiológico do mundo. Assim como as milhares de pessoas afetadas por Chernobyl seguem sofrendo com a radiação, no Brasil, as vítimas do Césio 137, em Goiânia (GO), continuam praticamente desamparadas 18 anos depois do acidente”, completa.

O calendário é ilustrado com fotos impressionantes, produzidas pelo fotógrafo holandês Robert Knoth, em quatro regiões que presenciaram grandes acidentes: Chernobyl, na Ucrânia; Mayak e Seversk, na Rússia e Semipalatinsk, no Casaquistão. Além de mostrar o dia-a-dia das pessoas que ainda habitam estes locais, as fotos também retratam as conseqüências na saúde humana das catástrofes. O acidente de Chernobyl causou um aumento da incidência de câncer, de doenças cardiovasculares e do número de malformações fetais e mutações cromossômicas, segundo o relatório “As conseqüências na saúde humana da catástrofe de Chernobyl”, publicado pelo Greenpeace.

“Essa tecnologia não pode ser controlada, e dezenas de acidentes têm provado e comprovado sua natureza destrutiva e perigosa. Cada cabo que pega fogo, cada cano rompido podem em questão de minutos transformar uma usina nuclear em um pesadelo atômico”, disse Leonardi. “O acidente de Chernobyl aconteceu em 26 de abril de 1886, mas todo dia do ano, alguma região do mundo foi palco de um incidente nuclear. E estes dados são mais do que suficientes para comprovar que essa tecnologia é insegura e ultrapassada”, completa. (Greenpeace)