O envolvimento do governo e da sociedade pode controlar e diminuir os danos causados pelas espécies exóticas invasoras no Brasil. É o que avalia o gerente de projeto da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA – Ministério do Meio Ambiente, Lídio Coradin. Foram identificadas 543 espécies exóticas invasoras no Brasil como preocupantes para a economia e meio ambiente em publicação disponibilizada na página do ministério na internet.
“O mais importante é organizar uma efetiva parceria entre os diversos setores governamentais, não-governamentais, com os acadêmicos científicos e a iniciativa privada”, diz Coradin em entrevista à Agência Brasil. Ele ressalta que o problema é global e que merece uma atenção de cada país.
Animais, plantas ou microorganismos são classificados como espécies exóticas invasoras quando, levados para outro ecossistema que não o de origem, podem se disseminar de forma desordenada e causar prejuízos à saúde humana e à economia, além de provocar transformações irreparáveis na fauna e na flora locais. Dentre as espécies que causam risco estão o javali, o mexilhão-dourado, o caramujo-africano, tipos de pinheiros e de capins africanos. O prejuízo brasileiro foi estimado em mais de USS 50 bilhões.
No site do ministério há um panorama sobre as ações de combate ao avanço dessas espécies. Os estudos concluíram que existem 176 espécies de organismos que afetam o ambiente terrestre, 66 no ambiente marinho, 49 que afetam águas continentais, 155 nos sistemas de produção – agricultura, pecuária e silvicultura – e 97 que prejudicam a saúde humana. Até o fim do ano serão divulgados mais detalhes sobre cada uma das espécies e os problemas causados por elas.
As ações apontadas por Coradin para evitar ou controlar as incidências de invasores no país são: a identificação e localização das principais espécies, avaliação dos impactos ambientais, levantamento dos projetos já realizados ou em andamento, criação de mecanismos de controle, monitoramento, prevenção e erradicação.
Para o gerente do MMA, as espécies invasoras entram por “várias portas”, que são difíceis de serem controladas e fiscalizadas. Segundo Coradin, mais de 70% das espécies chegam por meio do homem, quando, por exemplo, ele cria um animal originário de outro país no Brasil ou transporta uma planta de uma região brasileira para outra.
Há também os animais trazidos em cascos dos navios, além das espécies que se deslocam naturalmente. “As espécies exóticas invasoras estão mais presentes nos estados brasileiros banhados pela costa, bem como os que fazem limite com outros países e os que são cortados por rios. Os estados do interior do país têm uma situação um pouco mais privilegiada”, explicou Coradin.
Ele informou que na África do Sul há um programa global sobre espécies exóticas invasoras e conta com uma parceria entre dez países representativos para juntos tratarem de algumas estratégias de combate. “Seria uma forma de, com outros países, avançarmos para resolvemos de uma maneira mais organizada esse problema.” (Patrícia Landim/ Agência Brasil)