Focos de gripe aviária podem estar sendo mal reportados na Indonésia e na China, e o vírus poderia estar mais disseminado na África do que as autoridades sabem, disseram especialistas, reunidos na quarta-feira (30) para uma conferência sobre a doença.
O monitoramento pobre e a falta de mecanismos de compensação que encorajem os fazendeiros a registrar as mortes dos animais fez com que as autoridades nem sempre estivessem cientes de todos os focos do vírus H5N1, disseram especialistas em saúde animal aos repórteres, nos intervalos da conferência de dois dias em Roma.
A conferência – organizada pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, baseada em Roma, e pela Organização Mundial para a Saúde Animal – reuniu mais de 300 cientistas e especialistas veterinários de cem países, na esperança de encontrar maneiras de controlar a difusão da doença e se preparar caso haja uma mutação do vírus que possa causar um pandemia.
“Nós acreditamos que os países podem estar reportando mal”, disse Christianne Bruschke, chefe da força-tarefa para a gripe aviária da Organização Mundial para a Saúde Animal, baseada em Paris. “A maioria dos países realmente vê o quanto a situação é grave… mas eles não sabem sobre todos os focos”.
As vastas áreas que precisam ser monitoradas são um teste difícil para países como China e Indonésia, onde os serviços veterinários já estão no limite, disse Bruschke.
A detecção lenta do vírus, combinada com a falta de mecanismos de compensação para os fazendeiros que têm aves sacrificadas, poderia significar que o vírus se espalhou, pela África, para mais do que os oito países que já registraram focos da doença, ela disse.
“Nos países em desenvolvimento, em que os fazendeiros vão perder suas aves, eles farão a melhor decisão econômica para si mesmos. Se não houver compensação, eles vão comer ou vender os animais”.
A gripe aviária já matou pelo menos 127 pessoas ao redor do mundo desde que começou a atacar os estoques de aves asiáticos no fim de 2003. (AP/ Estadão Online)