Ecologistas denunciam chegada de barco com material radiativo

Organizações ambientalistas russas denunciaram que um barco com material radioativo chegou nesta quarta-feira (07) a São Petersburgo, o que poderia trazer um sério risco para a população do principal porto russo no Báltico e de outras cidades do país.

Vindo de Roterdã, na Holanda, o barco Doggersbank transporta pelo menos mil toneladas de material radioativo em contêineres, disse à agência Interfax o presidente adjunto da organização ambientalista Ecozashita, Vladimir Sliviak.

Acrescentou que uma vez carregados em vagões, os contêineres serão transportados de trem até a cidade de Novouralsk, na região de Sverdlovsk, nos Montes Urais.

O transporte desse material radioativo oferece um grande risco aos quatro milhões de habitantes de São Petersburgo e de outras grandes cidades como Vologda, Kirov e Perm, por onde passará o comboio.

Os contêineres pertencem à multinacional Urenco, dedicada ao enriquecimento de urânio, mediante um acordo assinado com a Rosatom, a agência russa de energia atômica.

Segundo a organização ambientalista Greenpeace, a cada dois ou três meses chegam a São Petersburgo barcos carregados com resíduos radioativos.

Além dos envios da Urenco, que tem fábricas na Alemanha, Grã-Bretanha e Holanda, chega também a São Petersburgo material radioativo da francesa Eurodif, que junto com a americana Usec são as três corporações mais importantes do mundo em processamento de urânio.

Segundo os ecologistas, em pelo menos quatro fábricas controladas pela Rosatom, nos Urais e na Sibéria, foram processadas mais de 20 mil toneladas de material radioativo, altamente tóxico, dessas multinacionais.

Em junho de 2001, o Parlamento russo aprovou uma lei que regulamentou o armazenamento, a reciclagem e a importação de resíduos de reatores nucleares.

O documento, criticado pelos ambientalistas, legalizou a importação do combustível usado nas centrais nucleares tanto russas como estrangeiras para obter a partir de sua reciclagem, combustível nuclear novo.

Na visão dos ecologistas, a lei causa um dano ecológico irreparável, pois aumenta a quantidade de resíduos radioativos acumulada em depósitos do país e, em conseqüência disso, aumenta também o risco de contaminação para a população e para o ambiente. (Efe/ Estadão Online)