A malária é hoje o “paradigma” das doenças negligenciadas nos países ocidentais, porque “não há interesse econômico nela”, segundo o cientista espanhol Pedro Alonso, que trabalha no desenvolvimento de uma vacina contra o mal.
Por ocasião do simpósio “Vacinas para as novas doenças do século 21”, realizado nesta sexta-feira (6) em Madri, o especialista do Instituto de Pesquisa Biomédica “August Pi i Sunyer”, de Barcelona, lembrou que a malária mata uma pessoa a cada 40 segundos e é endêmica em cem países.
No mundo atual, “é mais interessante controlar 10% do mercado dos remédios contra a hipertensão que ter o monopólio de uma vacina contra a malária”, afirmou Alonso, que trabalha há mais de dez anos no Centro de Pesquisa de Saúde de Manhica, em Moçambique. Neste sentido, o cientista qualificou de “necessária” a vontade política dos Governos para lutar contra a malária.
A vacina estudada, que poderá ser comercializada em 2010, evitou quase 30% dos casos de malária e 48% das incidências severas em crianças, ou seja, as mais vulneráveis, embora seja “muito difícil” chegar a porcentagens de 80% ou 90% devido às características da doença.
Alonso explicou que a vacina “poderia ajudar a estimular a imunidade à doença”, sobretudo entre as crianças de até três anos, a população de maior risco. Segundo o cientista, que lamentou que ainda hoje não se conhece o mecanismo que rege esta imunidade, os indivíduos adultos das áreas nas quais a doença é endêmica desenvolvem imunidade, mas os mais jovens não têm tempo de adquiri-la.
O analista concentrou sua pesquisa na variante majoritária da malária (Plasmodium Faliparum) e na luta contra o parasita que a gera antes que este chegue ao fígado. (Efe/ Folha Online)