´Compensação de carbono´ vira tendência e recebe críticas

É uma tendência que já conta com Leonardo DiCaprio, os taxistas de Londres e o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, entre seus adeptos: adotar uma vida “neutra em carbono”, plantando árvores, evitando viagens e adotando outros gestos de defesa do meio ambiente.

O tema ganha destaque com a reunião, em Paris, de cientistas que finalizam um relatório sobre aquecimento global para as Nações Unidas. Alguns críticos, no entanto, dizem que o movimento pela “neutralidade” pode ser contraproducente, quando não puro charlatanismo.

Os meios para “compensar” o carbono emitido quando se toma um avião, viaja-se de carro ou, mesmo, realiza-se uma festa de casamento são cada vez mais simples.

Cada vez mais empresas prestam o serviço de calcular quanto carbono é emitido para atmosfera nessas atividades e quando dinheiro deverá ser doado a atividades que, em teoria, reduzirão a poluição por uma margem idêntica, em alguma parte do mundo. É possível fazer isso online, pagando com cartão de crédito.

Os opositores do movimento dizem que a “neutralidade” dá a impressão errada de que é possível continuar a poluir como sempre, e que essas atitudes ajudarão a reduzir o aquecimento global – quando o que o problema requer, de fato, são soluções estruturais.

Os críticos também notam que as empresas de “compensação” não são supervisionadas e não têm transparência, e que o meio ambiente será melhor servido se as pessoas reduzirem seu consumo pessoal e pressionarem seus governos a impor limites para as emissões.

A onda da neutralidade de carbono “tenta faturar com a culpa dos consumidores”, acusa a ambientalista Jutta Kill, do grupo SinkWatch, que monitora as empresas de compensação.

Os organizadores da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, informaram que investirão em compensações ambientais para a poluição, estimada em 100.000 toneladas de carbono, emitida principalmente pelo uso de automóveis durante o torneio mundial. (AP/ Estadão Online)