Ibama propõe renovar intercâmbio de técnicas de combate a incêndios com o Serviço florestal americano

As mudanças do uso do solo e as alterações climáticas globais são fatores que podem agravar a ocorrência de incêndios florestais na Amazônia, Cerrado e Pantanal. Este fato exige não só organizações locais, regionais e nacionais melhor preparadas e estruturadas para enfrentar esse problema. Com esse objetivo, técnicos da Diretoria de Proteção Ambiental receberam nesta segunda-feira (12) delegação do USDA/Forest Service (Serviço Florestal) e da Embaixada dos Estados Unidos.

A idéia do encontro é reativar acordos de cooperação técnica na área de prevenção, monitoramento e combate a incêndios florestais. “Esperamos dar continuidade a essa troca de experiências com os EUA que são um dos grandes especialistas nessas áreas, com o fim de ampliar a nossa capacidade de gerenciamento”, ressalta Flávio Montiel, Diretor de Proteção Ambiental. A chefe do USDA/Forest Service, Gail Kimbell, que estava acompanhada pela coordenadora do Programa para o Brasil, Michelle Zweede, e pela Liz Mayhew, coordenadora do Programa para a América Latina, também vê nos acordos oportunidades de intercâmbios de tecnologias.

No Brasil, o Ibama, por meio do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – Prevfogo – tem como principal missão proteger contra incêndios florestais mais de 300 Unidades de Conservação federais, que totalizam uma área de 80 milhões de hectares, além de desenvolver programas de educação, pesquisas, capacitação, manejo e uso do fogo. Só no ano passado, o Prevfogo capacitou 1813 brigadistas e contratou 1273. Neste ano, foram capacitados 1288 e contratados 1000 brigadistas que atuaram em 79 Unidades de Conservação.

No entanto, existem outras áreas florestais, que não estão sob a responsabilidade direta do Ibama, que são anualmente atingidas por incêndios florestais, como, por exemplo, Reservas Indígenas – administradas pela Funai; Unidades de Conservação Estaduais e Municipais – administradas pelos governos estaduais e municipais e outras. A maioria dessas áreas não possui nenhuma estrutura voltada para a prevenção e combate a incêndios florestais, ou se possuem, são muito insipientes. Nesses casos, o Ibama, sempre que solicitado, tem prestado apoio com os recursos do Prevfogo, porém encontra sérias dificuldades para atuação conjunta e coordenada com os demais parceiros. Isso tem comprometido a eficácia das operações e as tornam mais onerosas.

Uma das propostas do Ibama é a criação de um Grupo de Coordenação Nacional de Incêndios Florestais semelhante ao National Wildfire Coordenating Group (NWCG) americano, criado nos anos 70 com o propósito de coordenar programas das agências que participam da gestão de incêndios florestais de modo evitar desperdícios e fornecer meios de construtivamente trabalharem juntos. Sua meta é cuidar para que o programa de gestão de fogo de cada agência seja executado com maior efetividade.

Segundo José Lázaro de Araújo Filho, Chefe Substituto do Prevfogo, “é exatamente essa experiência que o Ibama quer conhecer, para avaliar como ela poderia ser aplicada no Brasil. Também interessante é de que forma as organizações norte-americanas poderiam apoiar o desenvolvimento de programas de Treinamento, Sistema de Comando de Incidentes, Gerenciamento de Incidentes, Educação, Equipamentos, Uso do Fogo, Gestão da Informação, entre outros”.

Para João Raposo, coordenador-geral de emergências ambientais, a visita da delegação americana servirá para dar continuidade ao trabalho de cooperação mútua entre os dois governos. “Há mais de quinze anos realizamos trocas nas áreas de tecnologia, capacitação e disponibilização de equipamentos de sensoriamento remoto e combate a incêndios, com ganho para os dois países. Em incêndio ocorrido recentemente na Califórnia, foi empregada tecnologia brasileira no combate ao fogo”, comenta Raposo. (Ibama)