A ONU administra um mecanismo criado pelo Protocolo de Kyoto e por meio do qual os países ricos podem investir em projetos de energia limpa dentro de países em desenvolvimento e receber, em troca, créditos certificados de redução de emissões (CERs). Esses créditos são usados para abater suas próprias emissões.
Mas o WWF disse, em um relatório, que os CERs estão sendo concedidos para projetos que teriam sido implantados de toda forma e que não contariam com o incentivo adicional resultante da aprovação deles pela ONU em meio ao esquema, conhecido como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM).
O relatório, preparado pelo Instituto Oeko para Ecologia Aplicada, da Alemanha, disse que os projetos carentes da chamada “adicionalidade” contribuem para aumentar a produção dos gases responsáveis pelo aquecimento ao fornecer às empresas justificativas ilegítimas para continuarem a poluir.
“Um de cada cinco créditos de redução das emissões vendido dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto carece de integridade ambiental”, afirmou o WWF.
Segundo a entidade, a questão prejudica o mercado global de créditos de emissão de carbono, que neste ano deve aumentar em mais de duas vezes, para um valor de cerca de 70 bilhões de dólares.
“O CDM é uma ferramenta nova e importante. E precisa ser aprimorado para atingir suas metas”, disse em um comunicado Stephan Singer, diretor da Unidade Européia de Política Climática do WWF.
O relatório recomenda melhorias no CDF, um mercado avaliado em cerca de 5 bilhões de dólares em 2006, segundo dados do Banco Mundial.
O aprimoramento dos procedimentos e a intensificação dos controles por parte dos órgãos encarregados de fiscalizar os projetos constam das mudanças que o WWF espera ver os governos discutirem na conferência mundial sobre o clima a ser realizada na próxima semana em Bali (Indonésia). (Estadão Online)