O número de carrinheiros pode ser maior do que a contagem da prefeitura, já que a atividade é informal e não profissionalizada. A construção de barracões costuma ser apontada por especialistas como medida saneadora para retirar carrinheiros da marginalidade no mundo do trabalho. Na quinta-feira (06), o tema foi um dos pontos discutidos pela categoria durante o segundo fórum informal da categoria, realizado em Almirante Tamandaré.
Os galpões também minimizam danos ambientais – especialmente nos fundos de vale, onde boa parcela do mundo do lixo se desenvolve. Com abrigos adequados para a estocagem, a tendência é mudar toda uma cultura de reciclagem, hoje pautada no acúmulo de papel e plástico dentro das casas dos carrinheiros; além de reverter uma atividade que se constitui de forma solitária, imediatista, à mercê dos atravessadores e perpetuadora da miséria.
Tais práticas colaboram para formar uma imagem negativa do carrinheiro perante a população. Comumente, o catador é identificado como aquele que recolhe, mas também como o que espalha lixo nos espaços públicos. Trata-se de uma contradição. De acordo com dados da prefeitura, a “turma dos carrinhos” é responsável por 92,5% da coleta de material reciclável da capital, algo próximo de 500 toneladas/dia. Para realizar tal proeza, esse exército enfrenta a total falta de estrutura para realizar seu serviço. A ausência de espaços para guardar lixo é uma dessas lacunas.
Mais do que impedir que os catadores levem o detritos para suas casas, os barracões comunitários devem ter outro efeito: estimular o sistema de cooperativa e associações, uma das causas defendidas pelo Ministério Público, organizações não-governamentais e movimentos populares. Somente cooperados poderão fazer uso de equipamento, como forma de estimular os trabalhadores a se agregar, vencendo certas regras da informalidade. (Gazeta do Povo/PR)