Segundo a professora Elena Fioretti, diretora do Museu Integrado de Roraima, em Boa Vista, o mapeamento arqueológico foi feito entre 1986 e 1989 por uma equipe liderada pelo arqueólogo Pedro Augusto Mentz Ribeiro, das Faculdades Integradas de Santa Cruz do Sul, do Rio Grande do Sul. Desde então, os achados aguardam estudos.
“Isso é uma fração do que foi estudado. Além das pinturas, que são impressionantes, ainda há as inscrições em baixo relevo”, afirmou Elena. De acordo com ela, o estado de Roraima é rico em arte pré-histórica. “No sul (do estado) tem, a leste e a oeste também”, disse. “É só cavar um buraco para fazer uma piscina que a gente encontra grande quantidade de material.”
Apesar da abundância de material arqueológico, faltam pesquisadores para estudar a origem dos homens que viveram na região e o significado dos desenhos. O cenário pode mudar a partir do ano que vem, quando um doutorando brasileiro em uma universidade dos Estados Unidos deve iniciar um trabalho de pesquisa na região em consórcio com o museu.
As figuras mais comuns encontradas nos sítios arqueológicos da região são figuras geométricas e de animais. Alguns dos desenhos formam linhas complexas, outros são compostos apenas de traços e pontos.
No museu, há uma amostra do material. Dois painéis de 2 metros por 1,80 metro com reproduções em tamanho natural de alguns desenhos mostram a variedade do material da região. As reproduções foram feitas a partir de decalques das pinturas coletados pela equipe do professor Mentz, que morreu há dois anos.
Segundo o professor de história da Amazônia Reginaldo Gomes de Oliveira, da Universidade Federal de Roraima, os desenhos no estado foram feitos provavelmente por grupos que deram origem às etnias indígenas que habitam a região, como macuxis, wapixanas e taurepangs.
Mais sítios – O pesquisador Ari Silva, que trabalhou no plano de manejo do Parque Nacional de Roraima, disse ter feito o registro de 155 sítios com pinturas ou indícios da presença humana pré-histórica em uma região um pouco maior que a estudada pelo professor Mentz Ribeiro nos anos 80.
Silva acredita que algumas das inscrições revelam um alfabeto primitivo, de mais de 8 mil anos, o que seria o primeiro registro de escrita de um povo nativo das Américas. Em sua casa, em Pacaraima, na divisa com a Venezuela, ele mantém mapas com a indicação dos sítios arqueológicos que visitou, com reprodução das pinturas e fotografias. (Fonte: Fausto Carneiro/ G1)