Brasil precisa de pelo menos seis submarinos nucleares, diz presidente da Eletronuclear

A construção do primeiro submarino nuclear brasileiro, que deve ficar pronto em 2020, deve ser apenas o ponto de partida. O país necessita, pela extensão de sua costa e a descoberta de imensas jazidas de petróleo, de pelo menos seis submarinos nucleares.

A avaliação é do diretor-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, almirante reformado da Marinha e mentor do programa nuclear brasileiro.

“Pelo tamanho da nossa costa, eu diria que seria necessário pelo menos seis nucleares. Defesa é uma coisa que é preciso ter para não usar”, afirmou.

Ele participou na sexta-feira (26) da cerimônia de criação da Coordenadoria-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (Cogesn), no Rio de Janeiro.

Othon conta que em 1978 recebeu a incumbência de iniciar os primeiros estudos para um submarino nuclear brasileiro, o que resultou depois no domínio quase completo do ciclo do urânio que o país detém hoje.

Ele só lamenta que o projeto tenha sofrido uma descontinuidade, com o corte quase total de verbas em 1994, só retomado anos depois, na gestão do atual governo. “O presidente Lula tem demonstrado uma visão de estadista. Um metalúrgico estadista. Ele viu que (o programa nuclear) era necessário e virou programa de governo”, disse.

Segundo Othon, o mais caro e difícil é construir o primeiro submarino, com os custos se reduzindo na construção de outras embarcações. Enquanto um convencional fica em torno de US$ 600 milhões, um nuclear atinge US$ 1,5 bilhão. “Todo produto custa mais caro no início. O segundo submarino vai custar entre 10% e 15% mais barato e assim por diante, até um limite”, disse.

Othon é engenheiro nuclear pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Foi gerente do Programa de Desenvolvimento das Ultracentrífugas Brasileiras para Enriquecimento de Urânio e do Programa de Desenvolvimento da Propulsão Nuclear da Marinha do Brasil.

Ele defende os gastos em pesquisa na área de energia nuclear como investimento em fonte de geração de empregos e de caráter estratégico para o país: “Quanto mais você sabe, menos você paga. Quando você não sabe nada, paga tudo. A ignorância custa muito caro”. (Fonte: Vladimir Platonow/ Agência Brasil)