Para isso, ele recorreu a uma série de análises de custo-benefício e a estudos anteriores sobre quanto as pessoas estariam dispostas a pagar pela simples existência do Pantanal. De longe o serviço que mais vale é a oferta de água, a verdadeira commodity do Pantanal. O fornecimento garantido pela vegetação e a regulação de cheias e secas vale mais de US$ 3.000 por hectare ao ano.
Benefícios globais, como armazenagem de carbono e regulação do clima, foram também calculados, mas de maneira menos precisa, já que há poucos estudos sobre o ciclo do carbono naquele bioma. Somados, os benefícios locais e globais chegam a US$ 8.100. “São US$ 8.100 contra US$ 30. Uma loucura, né?”
No entanto, quando se agrega a variável um tanto exótica do “valor de existência”, a loucura fica ainda maior: um hectare de Pantanal preservado chega a quase US$ 17.500, e o valor total do bioma, a incríveis US$ 242 bilhões por ano.
Moraes, porém, não sugere que os fazendeiros deixem de desmatar em nome desse suposto valor de existência – um dinheiro que, afinal, existe só em teoria. “Todo mundo se beneficia, mas quem paga o custo da conservação é o pecuarista.”
A proposta do pesquisador é que a sociedade subsidie os Zés Leôncios, pagando para que eles não desmatem. Uma forma de fazer isso seria dar crédito mais barato a pecuaristas que mantêm suas áreas sem derrubada. Outra seria cobrar dos hotéis pantaneiros uma taxa para financiar pecuaristas. (Fonte: Claudio Angelo/ Folha Online)