O presidente da junta administrativa da companhia petrolífera BP na Alemanha, Uwe Franke, defendeu em entrevista coletiva uma discussão “sobre os erros” das primeiras políticas relativas aos biocombustíveis, no primeiro congresso da organização Netwerk Bioenergie, realizado na embaixada brasileira de Berlim.
Sob o slogan “Biocombustíveis – bênção ou maldição?”, o Congresso discutiu a suspensão, anunciada em abril pelo Governo, de seu plano de elevar de 5% para 10% a porcentagem de mistura de bioetanol na gasolina para 2009.
Para Franke, os biocombustíveis “têm muito futuro” se as coisas forem feitas da maneira correta e os erros prévios forem corrigidos, e desafiou o Executivo alemão a definir novas estratégias que possam ser implantadas pelas empresas a partir de 1º de janeiro.
Por sua vez, o secretário do Meio Ambiente, Matthias Machnig, sustentou que Governo, empresários e organizações ambientalistas coincidiram durante o congresso na necessidade do uso de biocombustíveis e defendeu a intensificação da pesquisa e o desenvolvimento no âmbito da eficiência energética.
Machnig e Franke também qualificaram de “errôneo” o debate sobre se o cultivo de matérias-primas para a produção de biocombustíveis deve prevalecer sobre a produção de alimentos perante uma crise alimentícia mundial.
Os Governos podem cumprir “sua dupla obrigação de fornecer energia e alimentos aos cidadãos”, afirmou Franke, que assegurou que o uso de biocombustíveis é, de olho em um futuro próximo, a “única opção” para reduzir as emissões de dióxido de carbono do setor de combustíveis.
Além disso, elogiou a decisão do Executivo da chanceler Angela Merkel de reduzir as cotas mínimas, embora tenha admitido que reconduzir essas medidas será “difícil”.
O gerente da organização ambientalista Deutsche Umwelthilfe, Rainer Baake, destacou a importância dos biocombustíveis que, segundo sua opinião, contribuem para a redução do aquecimento global e “não favorecem a extinção das espécies nem obstaculizam a luta contra a fome”.
Baake pediu ao Governo alemão que pactue com empresários e organizações ambientalistas os critérios e certificados necessários para garantir a sustentabilidade nos biocombustíveis produzidos na Alemanha ou adquiridos no exterior.
Para Franke, se o âmbito desses cultivos for corretamente controlado, a produção de biomassa poderia permitir o desenvolvimento econômico de regiões da Europa Oriental e da Ásia, sem a necessidade de recorrer a zonas florestais da Ásia e da América. (Fonte: Estadão Online)