Entre as ações propostas estão a valorização dos serviços ambientais florestais, a implementação de projetos de energias limpas e o fortalecimento da gestão ambiental. A intenção é que o plano possa contar com recursos do Fundo Amazônia, criado pelo governo federal no mês de agosto para investir na redução de desmatamento da Amazônia.
Nos últimos anos, a preservação da floresta tem recebido atenção do governo federal por ter relação direta com as mudanças climáticas. A redução emissões de carbono na região é uma das alternativas apontadas por ambientalistas para garantir o controle necessário às mudanças climáticas.
O especialista em florestas e clima da organização não-governamental WWF, Anthony Anderson, ressaltou que o governo federal tem uma grande missão no sentido de preservar as florestas. Segundo ele, de 15 a 25% das emissões de carbono são provenientes do desmatamento florestal.
“O carbono na atmosfera exerce uma função de efeito estufa. Diante disso, a conservação de florestas tropicais seria uma estratégia bastante interessante para podermos reduzir as emissões para a atmosfera. Isso ainda não foi aprovado internacionalmente, mas são excelentes as perspectivas para incluir essa possibilidade no novo tratado de clima, que será divulgado após 2012”, disse Anderson à Agência Brasil.
Para reverter o quadro da degradação florestal e os efeitos negativos das mudanças climáticas, avaliou Anderson, são necessárias diversas ações integradas dos governos federal, estadual e municipal em conjunta com a sociedade civil. Ele reconheceu a importância de programas nacionais para a diminuição do desmatamento nos últimos anos, mas destacou alternativas que ainda precisam ser emplacadas, como o comércio de créditos de carbono.
“Uma estratégia fundamental, nesse sentido, é valorizar a floresta em pé. Valorizar o carbono que a floresta contém, é uma forma de valorizar essa própria floresta. Países como a Noruega já estão prontos para pagar pelo serviço de armazenamento de carbono que a floresta faz”, assinalou Anderson.
Na avaliação do analista ambiental da Secretaria de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Adriano Oliveira, o crédito de carbono pode ser uma saída para a preservação da Amazônia e também para auxiliar a combater a mudança do clima no planeta. Para ele, contudo, a sociedade ainda não compreende o que podem representar as mudanças climáticas decorrentes do desmatamento florestal.
“O mecanismo de desenvolvimento limpo, que gera os créditos de carbono, é um instrumento que os países em desenvolvimento devem utilizar para ajudar os países desenvolvidos a atingirem suas metas de redução acordadas no protocolo de Kyoto. Cada vez mais a sociedade tem que se envolver nos debates e fazer a coisa certa, tomando as medidas necessárias”, acrescentou Oliveira.
A estudante universitária do curso de Geografia da Universidade Federal do Amazonas, Juliana Alves, concorda com a opinião do representante do Ministério do Meio Ambiente. Para ela, a sociedade ainda não entende o que significam as mudanças climáticas. “Falta melhor divulgação desses assuntos e essa questão de mudanças climáticas, por exemplo, ainda precisam ser melhor compreendidas”, avaliou a universitária.
A 1ª Conferência Latino-Americana de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais será realizada até sexta-feira (7) e é promovida pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do estado. De acordo com a secretária Nádia Ferreira, a conferência vai garantir a ampliação das discussões relacionadas ao tema e também viabilizar a criação do Fórum Amazonense de Mudanças Climáticas. (Fonte: Amanda Mota/ Agência Brasil)