Todd Stern também defendeu na terça-feira, durante a conferência climática, a oferta que apresentaram para a redução das emissões de gases estufa, que, de acordo com os americanos, é “comparável às demais” e, em alguns casos, até melhor que a da União Europeia (UE).
No entanto, o bloco europeu já havia anunciado desde outubro sua disposição de, até 2020, alcançar uma redução de 20% a 30% na liberação de gases causadores do efeito estufa em relação a 1990, o que é uma proposta bem mais ambiciosa que a norte-americana.
O governo de Barack Obama havia oferecido corte nas emissões de 17% até 2020, frente aos níveis de 2005, o que significa uma redução de 3% em relação a 1990.
A ministra brasileira Dilma Rousseff havia desembarcado na Dinamarca neste domingo (13) dizendo que a meta de redução de gases-estufa proclamada pela Casa Branca é “decepcionante”.
A meta brasileira é de entre 36,1% e 38,9% “em relação ao cenário tendencial para 2020”, o que cálculos da Folha de S. Paulo traduzem em uma redução absoluta de cerca de 25% em relação a 2005. Isso resultaria em corte ainda maior que o dos EUA.
“Não espero qualquer mudança no nosso compromisso de redução” das emissões de gases que intensificam o efeito estufa na reunião da ONU sobre o clima, disse Todd Stern à imprensa.
Legisladores – De acordo com Stern, o compromisso dos Estados Unidos “está estreitamente ligado à legislação [interna norte-americana sobre o clima que ainda tem de ser aprovada], legislação que fornece alguns elementos que podem traduzir-se em um objetivo global de redução das emissões mais elevado”.
Porém, Stern ressaltou que os EUA “não vão assumir esse compromisso por enquanto”, por não desejarem prometer algo que ainda não têm.
Também o plano dos EUA para ajudar no combate à mudança climática ainda precisa ser aprovado pelos legisladores norte-americanos.
Discussões com China – Os EUA, que junto com a China são responsáveis por 40% das emissões globais de carbono, têm recebido críticas pela demora em aprovar seu pacote climático, previsto para 2010 e sem o qual será muito difícil obter um avanço real nas negociações para alcançar um novo acordo vinculativo sobre o clima que substitua o Protocolo de Kyoto.
Stern disse que as negociações na cúpula continuam e que hoje teve uma conversa “útil” com seu colega chinês, Xie Zhenhua.
“Há muito o que fazer”, afirmou Stern, que explicou que ainda há grandes diferenças entre os negociadores.
Segundo o representante, “não é possível um acordo significativo sobre o meio ambiente sem a China”, por isso é muito importante que Pequim assuma um compromisso firme em Copenhague.
A China, maior emissor global de dióxido de carbono, comprometeu-se a diminuir entre 40% e 45% de sua intensidade carbônica – emissões de dióxido de carbono de um país dividas pelo PIB – até 2020.
Isso não equivale a necessariamente uma redução absoluta dos poluentes, mas apenas em sua desaceleração comparada com a economia chinesa.
Somados, EUA e China contribuem com cerca de 40% das emissões globais de gases-estufa.
Tempo – Já Andreas Carlgren, ministro de Meio Ambiente da Suécia, país à frente da Presidência rotativa da União Europeia (UE), lembrou hoje que “o tempo está se acabando” e que só restam 48 horas para preparar um acordo que possa ser assinado pelos chefes de Estado e de Governo.
“Esperamos um amplo compromisso da China e dos EUA”, do contrário não será possível limitar a 2°C o aumento da temperatura até 2100.
Delegações de 192 países se reúnem até 18 de dezembro em Copenhague no maior e mais importante encontro mundial sobre o clima. O objetivo é alcançar um consenso sobre um texto para um acordo legalmente vinculativo, que inclua as metas necessárias para assegurar que o aquecimento global não seja superior a dois graus Celsius em relação à era pré-industrial.
Participarão do encontro mais de 100 chefes de Estado e de governo, além de 15 mil delegados e do próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. (Fonte: Folha Online)