Os catadores do lixão de Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, querem que a prefeitura carioca invista em projetos de conscientização para a separação do lixo reciclável e remunere as cooperativas que coletarem esses materiais nos condomínios da cidade.
É da capital fluminense que vem a maior parte do lixo descartada no lixão de Jardim Gramacho. Com o anúncio do fechamento da unidade até o fim do ano, os 2,5 mil catadores procuram uma alternativa de renda e cobram a aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010.
Com a capacidade esgotada, o lixão de Gramacho é um dos maiores depósitos de lixo a céu aberto do mundo. Ele recebe 17 mil toneladas resíduos sólidos por dia, sendo 9 mil toneladas da cidade do Rio de Janeiro.
Segundo o presidente da Cooperativa de Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, Sebastião Santos, para ampliar de 2% para 10% o percentual da coleta seletiva no município até 2014, conforme determina a nova lei, a prefeitura do Rio precisa conscientizar a população para necessidade de separar o lixo na hora da coleta.
“O Rio de Janeiro egoistamente está pensando numa solução para ele. Mas tem que se lembrar que durante 30 anos utilizou Caxias como seu único vazadouro de lixo”, disse. “É preciso que a prefeitura faça um trabalho de educação ambiental e mobilização social dos moradores, que são os maiores produtores de resíduos reciclável no estado”.
Santos lembra que a Lei de Resíduos Sólidos também determina que os governos municipais priorizem a contratação de organizações produtivas de catadores, formadas por pessoas de baixa renda, para a realização de serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Assim, os catadores de Caxias poderiam trabalhar na separação dos resíduos gerados no Rio.
As reivindicações dos catadores foram apresentadas durante reunião nesta segunda-feira (14), no Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que não contou com a presença dos representantes da prefeitura do Rio. Para o secretário estadual do Ambiente, as reivindicações dos catadores podem obrigar cidades a cumprir a lei, fechando os lixões e ampliando a coleta seletiva. “É um bom momento para o Rio, que tem fraca coleta seletiva, e [Duque] de Caxias avançarem [na questão]”, disse.
Durante a reunião, os catadores também reivindicaram projetos educacionais e de qualificação profissional para atenda pessoas de todas as faixas etárias. Eles explicaram, que nas 3 mil vagas oferecidas pelo Ministério do Trabalho no ProJovem Trabalhador, só podem se inscrever pessoas com até 29 anos de idade. “Como eu vou fazer, se tenho 32 anos?”, perguntou Santos. “Muitos catadores têm mais de 40 anos. Precisamos de projetos de qualificação elaborados para o nosso perfil”, disse.
No Inea, ainda foram oferecidas 600 vagas de operador de telemarketing para os catadores de Gramacho. No entanto, eles afirmaram não ter a escolaridade exigida para o emprego. (Fonte: Isabela Vieira/ Agência Brasil)