Cheia do rio Branco atinge alta histórica e Roraima decreta estado de calamidade pública

Com a maior cheia desde o início dos registros, em 1967, o Estado de Roraima encontra-se em situação crítica. O governador Anchieta Junior (PSDB) oficializou estado de calamidade pública em todo o território, em decreto assinado na manhã de domingo (5). Apesar da gravidade da situação, não foram registradas mortes.

O rio atingiu 9,85 metros na tarde de domingo, batendo o recorde de 1976, quando chegou a 9,80 metros. A chuva isolou praticamente todo o interior, total ou parcialmente, e nove municípios já decretam situação de emergência. As informações são do jornal Folha de Boa Vista.

A elevação do rio Branco e de outros rios se traduz em sérios prejuízos e transtornos à população de Roraima. Dois trechos da BR-174 estão interditados. Em um deles, próximo à ponte sobre o rio Branco, em Caracaraí, a água cobre cerca de 2 km da pista, que já ameaça romper. No outro, próximo à vila Novo Paraíso, no Município de Caracaraí, é o rio Anauá que encobre o asfalto.

Segundo informações da assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros, 113 pessoas estão em abrigos de Boa Vista. Ainda segundo o órgão, outras 278 estão desalojadas ou morando com parentes. O número pode ser bem maior, pois muitas pessoas deixaram as próprias casas sem pedir ajuda da Defesa Civil.

Em diversos bairros moradores tentam salvar seus pertences com barcos. Aqueles que possuem uma canoa aproveitam o momento para trabalhar e ajudar na travessia. Há relato de moradores que estão oferecendo auxilio cobrando R$ 1,00 por pessoa e R$ 5,00 por motos e grandes bagagens.

O acesso à região do Bom Intento, Água Boa e Água Santa, na zona rural de Boa, está interrompido por conta das chuvas. A primeira ponte, na vicinal 439, que dá acesso às localidades, está submersa em um trecho que totaliza quase 150 metros. Após ela, há mais três pontilhões que dão acesso a Água Santa e mais dois no caminho até Água Boa. Todas estão debaixo d’água. Cerca de 300 famílias vivem nessa região, e a maioria se dedica à agricultura familiar.

Desabastecimento – Os municípios de Uiramutã e Amajari, no norte do Estado, podem sofrer com falta de alimentos, combustível e outros itens transportados por via terrestre, caso não sejam tomadas medidas emergenciais.

Quatro caminhões da Companhia Energética de Roraima (Cerr) que foram levar combustível para os geradores de energia dos municípios de Uiramutã e Amajari estão ilhados nos locais.

O governador Anchieta informou que irá disponibilizar aeronaves e barcos para o transporte de pessoas e mantimentos nos casos específicos. Além disso, afirmou que manterá contato com a Petrobras, para que o combustível possa ser trazido para o Estado por meio de balsas até o município de Caracaraí, onde a rodovia está interditada.

Calamidade Pública – O reconhecimento da situação de emergência ou estado de calamidade, uma atribuição da Secretaria Nacional de Defesa Civil, dá aos governantes a possibilidade de agilizar compras sem licitação.

De acordo com a Defesa Civil, existem quatro níveis para medir os impactos, que podem variar com intensidades que vão de 1 a 4. Roraima hoje está enquadrado no nível 4, que indica que a situação na qual se encontra o Estado só será superada com o auxílio de governos e órgãos externos.

Geralmente são eventos que provocam a descaracterização da organização do município ou estado. O nível 3 foi atingido no dia 31 de maio, quando o governo decretou situação de emergência. (Fonte: Amazônia.org.br)