Pela primeira vez na história do país o Governo Federal decide investir recursos financeiros na melhoria do uso dos fornos de carvão e de lenha para combater a desertificação e promover a recuperação de áreas degradadas na região do semiárido do Nordeste brasileiro. Serão investidos mais de R$ 6 milhões em atividades relacionadas à fabricação de tijolos para a construção civil em fornos industriais e caseiros. A informação é do analista ambiental do Departamento de Desertificação da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ricardo Padilha.
Segundo ele, além da produção de tijolos, cerca de 35% da matriz energética do Nordeste brasileiro usa, como forma de energia e de combustível, a queima do carvão e da lenha. “Mas é a primeira vez que o governo trata esse setor de forma objetiva, direta e sintética com o intuito de transformá-lo em setor produtivo sustentável”, disse. Padilha informou que o diretor de Desertificação da SEDR do MMA, Francisco Campello, e técnicos da Caixa estão reunidos em Recife desde segunda-feira (19/9) para qualificar projetos do Fundo Nacional do Meio Ambiente que vão receber os recursos financeiros do Fundo Socioambiental da Caixa para esse setor.
Os projetos deverão atender a três temáticas ligadas à eficiência energética dos setores industriais (polos gesseiro e ceramista), porém, combinadas com o manejo sustentável da caatinga. Esses planos, resultado de um convênio firmado entre MMA e Caixa, são destinados à melhoria dos fornos industriais e à construção de fornos caseiros (fogões ecológicos) para fabricação de tijolos nas regiões da Chapada do Araripe, situada entre os Estados de Pernambuco, Piauí e Ceará; no entorno da Barragem do Xingó, localizada no rio São Francisco, e que atinge regiões de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia; e o Vale do Jaguaribe, Ceará.
A construção dos fogões ecológicos está condicionada ao uso da lenha e ao manejo sustentável da caatinga, bem como ao protagonismo das mulheres que atuam nesse setor da construção civil. Padilha explica que, além de atender às demandas da agenda ambiental, a concepção dos fornos ecológicos pressupõe o empoderamento do setor por parte das mulheres e visa à proteção da saúde feminina para diminuir e até mesmo erradicar a incidência de câncer entre elas. O fogão ecológico tem um sistema de isolamento térmico que evita o aquecimento acima da temperatura ambiente e, isso, previne a instalação da doença.
No âmbito do Fundo Nacional de Mudanças Climáticas os investimentos serão ampliados. “Mais de R$ 15 milhões serão destinados a projetos nas áreas afetadas por degradação e desertificação, sobretudo no semiárido, para execução de plano de manejo e prevê, dentre outras ações, a criação de jardins etnobotânicos”, disse ele. Tudo isso está incluído no Programa de Mudanças Climáticas e no de Combustíveis do Plano Plurianual (PPA) de 2012-2015 do governo federal. (Fonte: Maria Borba/ MMA)