União Europeia pressiona para tirar ‘fundo verde’ do papel na COP 17

O negociador climático da União Europeia, Artur Runge-Metzger, disse nesta quarta-feira (30) que o bloco tem como maior prioridade na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 17), que acontece em Durban, na África do Sul, a operacionalização do “fundo verde” de financiamento de ações de adaptação às mudanças climáticas e redução de emissão de gases-estufa em países em desenvolvimento.

Um comitê montado desde COP 16, em Cancún, no México, deve apresentar nesta quarta-feira (30) a proposta de funcionamento do fundo, a qual Runge Metzger diz apoiar. “Acreditamos que seria improdutivo ter mais discussões técnicas a respeito”, disse o representante europeu, deixando claro que deseja uma aprovação imediata . “Queremos a direção do fundo funcionando em 2012”, disse.

Ele mostrou preocupação com a expansão do setor energético, que poderia levar o mundo a um nível de emissões que inviabilizaria manter o compromisso de Cancún de limitar o aquecimento global em 2 graus em relação à época pré-industrial.

Para evitar isso, Runge-Metzger espera que em Durban seja fixado um limite de emissões de gases-estufa. A proposta da UE é que, com base nesse limite, se calcule o que falta cortar de emissões globalmente para atingi-lo e, então, decidir onde investir para fazer as reduções necessárias.

“É algo que pode ser feito logo depois que a decisão for tomada em Durban”, propôs.
Na COP 16, acordou-se a criação do fundo verde com uma meta de que ele ofereça US$ 100 bilhões anuais aos países pobres anualmente para que enfrentem as consequências das mudanças climáticas.

Divisões – Nas negociações em Durban delineia-se cada vez mais as divisões entre os países desenvolvidos e entre os em desenvolvimento.

Nos países em desenvolvimento há divergências entre os emergentes, que querem uma renovação do Protocolo de Kyoto e, ao mesmo tempo, são cautelosos devido às pressões para que também assumam compromissos de corte de gases causadores de efeito estufa, e o grupo de países insulares que correm perigo iminente devido às mudanças climáticas e, por isso, querem com urgência o estabelecimento de um fundo de ajuda, já que carecem de recursos para empreender ações de adaptação às alterações climáticas.

Com a subida do nível do mar, algumas dessas nações podem até desaparecer e, por isso, elas exigem ações imediatas e ambiciosas.

Entre os países ricos, a divergência é em relação ao Protocolo de Kyoto, único compromisso climático efetivamente assumido por boa parte das nações desenvolvidas, e que expira em 2012. A União Europeia defende uma renovação do protocolo, desde que seja associada a um acordo que passe a vigorar a partir de 2020, que inclua também os emergentes.

O Japão apoia esse plano europeu, com o detalhe de que já anunciou que não participará de um novo período sob Kyoto, ainda que pretenda manter suas políticas de redução de emissões por conta própria. A delegação de Tóquio reafirmou em Durban que não vê sentido num acordo que inclua menos de um terço das emissões, já que não contempla grandes emissores como China, Índia e Brasil.

O Canadá também não pretende participar do novo período do Protocolo de Kyoto. Já os Estados Unidos defendem um planejamento de prazo ainda mais longo e não opinam em relação ao protocolo, já que a ele não aderiram. (Fonte: Dennis Barbosa/ Globo Natureza)