A China, maior emissor de gases causadores de efeito estufa no mundo, sinalizou estar disposta a entrar num acordo de redução de emissões de gases causadores de efeito estufa em que esteja obrigada a cumprir metas, segundo informou a agência Reuters.
“Não eliminamos a possibilidade do legalmente vinculante. É possível para nós, mas depende das negociações”, disse o negociador chefe Su Wei à Reuters, na sexta-feira (3), em Durban, onde acontece a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.
A reunião termina sua primeira parte neste sábado (4). A partir de segunda-feira, entra no segmento chamado de “alto nível”, quando participam ministros e chefes de Estado, que têm poder para tomar decisões mais políticas. Antes, os diplomatas fizeram o trabalho mais técnico de redigir as bases do que pode vir a ser um acordo ou compromisso firmado na África do Sul.
China e Estados Unidos são os dois maiores emissores de gases-estufa, mas argumentam que não podem assumir compromisso de redução enquanto outras grandes economias não o fizerem. Esse tipo de impasse tem emperrado as negociações, já que não há um primeiro passo e um acordo global sem os dois é bem menos efetivo.
É o caso do Protocolo de Kyoto, que abrange menos de um terço das emissões globais, e que está prestes a acabar se não for encontrada uma saída em Durban.
Os Estados Unidos não ratificaram o acordo e, portanto, não opinam a respeito. A União Europeia, por sua vez, admite assumir um novo compromisso, mas condicionam isso à criação de um pacto mais amplo, que inclua em médio e longo prazos todos os países, também os em desenvolvimento.
Esses haviam ficado de fora do Protocolo de Kyoto porque se assumiu que, por serem menos industrializados, têm menos responsabilidade nas mudanças climáticas, já que emitiram menos carbono na atmosfera ao longo de suas histórias.
Mas enquanto não tiverem algum tipo de restrição, fica difícil que as emissões globais cheguem ao nível considerado necessário pelos cientistas para que a temperatura média do planeta chegue a, no máximo, 2 graus acima da era pré-industrial, que é o que ficou acordado como meta na COP 16, em Cancún.
“Se nossas economias simplesmente parassem de funcionar, não resolveria”, disse nesta sexta-feira o negociador europeu Artur Runge-Metzger.
“Precisamos de uma nova perspectiva, um mapa de um novo acordo legalmente vinculante que inclua todos os emissores”, acrescentou o colega de delegação de Runge-Metzger, o polonês Tomasz Chruszczow. O discurso europeu é de que o que se está buscando não é tentar inviabilizar a renovação do Protocolo de Kyoto, mas sim partir para algo mais abrangente e ambicioso.
“Nossas emissões são menores que em 1990 e nosso PIB só cresce. Isso mostra aos outros países que não é preciso ter medo”, observou o europeu, destacando que assumir compromissos para cortar as taxas de carbono não necessariamente significa comprometer o crescimento econômico. (Fonte: Dennis Barbosa/ Globo Natureza)