A versatilidade da subtância rapamicina, geralmente usada em transplantados para evitar rejeição ao novo órgão, mostrou uma nova faceta em recente estudo publicado nesta semana na revista “Science”.
Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), ambas nos Estados Unidos, descobriram que apesar da rapacimicina ser ainda capaz de prolongar a vida de roedores, ela também provoca resistência à insulina – principal sintoma do diabetes.
A equipe mostrou por meio de um modelo aninal ser possível, em príncipio, separar esses efeitos, que dependeriam da inibição de dois complexos de proteínas – a mTORC1 e mTORC2, respectivamente.
Os complexos de mTOR da rapamicina em mamíferos são proteínas que regulam o crescimento, o movimento, e a sobrevivência das células, bem como a síntese de proteínas.
Especificamente, há dois complexos mTOR e uma proteína mTOR. A proteína mTOR é o núcleo de ambos os complexos (mTORC1 e mTORC2), que se comportam de maneira diferente com base nas suas proteínas associadas. Um ou ambos os complexos mTOR podem ser inadequadamente ativados em certos casos de câncer, e inibidores específicos estão sendo desenvolvidos como agentes quimioterapêuticos.
O estudo sugere que as moléculas que inibem especificamente a mTORC1 podem combater doenças relacionadas à idade sem o efeito secundário que é a resistência à insulina, o que pode predispor as pessoas a ter diabetes.
Vida longa x diabetes – Isso porque o tratamento crônico com rapamicina prejudica o metabolismo da glicose e o funcionamento correto de insulina em ratos, apesar de prolongar sua vida. A equipe de pesquisa demonstrou que a rapamicina interrompe a mTORC2 nos ratos, e que mTORC2 é necessária para a supressão mediada por insulina do metabolismo da glucose no fígado.
Por outro lado, eles também demonstraram que a diminuição da mTORC1 foi suficiente para estender o tempo de forma independente das alterações no metabolismo da glucose. Eles usaram uma estirpe de ratinhos nos quais a atividade da mTORC1 foi diminuída e notaram que a vida foi prorrogada em, pelo menos, 14%. Mas os animais apresentaram um metabolismo normal da glicose e a sensibilidade à insulina.
“A esperança é que no futuro nós sejamos capazes de desenvolver moléculas que atinjam especificamente a mTORC1, separando os efeitos benéficos da rapamicina sobre o envelhecimento e a doença, e deixando para trás o efeito colateral de resistência à insulina”, diz Joseph A. Baur.”, principal autor do estudo.
“Nossas descobertas indicam que a mTORC2 pode ter um papel importante na descoberta da origem do diabetes tipo 2 e na síndrome metabólica”, afirma o co-autor do estudo Lan Ye, com pós-doutorado no laboratório de Baur. (Fonte: G1)