O Banco Mundial teme que a temperatura do planeta aumente dois graus centígrados até 2040, o que provocaria “dificuldades alimentares” e inundações, segundo um documento divulgado nesta quarta-feira (19).
“Temperaturas extremas poderiam afetar as colheitas de arroz, de trigo, de milho e de outros cultivos importantes, além de ameaçar a segurança alimentar dos países pobres”, adverte a instituição.
O banco alerta que o índice de pessoas que sofrem desnutrição pode alcançar, a longo prazo, 90% em alguns países africanos.
Os países em desenvolvimento serão as primeiras vítimas, apesar de seus habitantes não serem os responsáveis pelo aumento da temperatura mundial, destacou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, na introdução do relatório.
De acordo com as previsões, a produção agrícola total da África subsaariana diminuirá a longo prazo em 10% e a região perderá 40% das terras dedicadas ao cultivo de milho em 2030.
A população em estado de desnutrição poderia aumentar “de 25% a 90%”. A Ásia e o sudeste asiático seriam os maiores afetados. As inundações que afetaram 20 milhões de pessoas no Paquistão em 2010 poderiam passar a ser corriqueiras.
Ainda segundo o informe, a Índia poderia registrar secas violentas, enquanto o aumento do nível da água no sudeste asiático, associado a furacões, poderia submergir grande parte de Bangkok em 2030. “Precisamos de uma nova dinâmica”, insiste a instituição, no momento em que a mobilização política sobre o clima parece estar estagnada.
Acordo global climático – Lançada em 1995, as negociações entre mais de 190 países não registraram progressos significantes e não serão reativadas antes da conferência prevista para acontecer em Paris em 2015. Se o impasse persistir, a temperatura poderá subir até 4°C até 2080, diz o Banco Mundial.
O aquecimento global poderia complicar a meta do banco em erradicar a pobreza extrema até 2030. “A mudança climática ameaça o desenvolvimento econômico e, fundamentalmente, a luta contra a pobreza”, afirma Kim.
O Banco Mundial, que dobrou em um ano seus investimentos para financiar projetos de adaptação às mudanças climáticas (4,6 bilhões de euros em 2012), admite que deve “mudar radicalmente” e parar de apoiar projetos de desenvolvimento que emitem CO2. “O Banco Mundial deve indicar o caminho deixando de financiar projetos de energia fóssil e redirecionando seus fundos para as energias renováveis”, considera a ONG Greenpeace.
Tarefa complicada para o Banco Mundial, que estabeleceu a meta de levar energia elétrica a 1,2 bilhões de pessoas até 2030. Em 19 de novembro, o banco lançou um primeiro alerta sobre o cataclismo que causaria um aumento de 4° C de temperatura até 2060.
“Um mundo com 4 °C a mais desencadearia uma cascata de desastres, incluindo ondas de calor extremo, a queda dos estoques de alimentos e aumento do nível do mar que afetariam milhões de pessoas”, indicou o relatório de novembro. “Temos que baixar a temperatura e apenas uma rápida e coordenada ação internacional poderia” alcançar este objetivo, concluiu o Banco Mundial. (Fonte: G1)