Os cerca de 140 índios Tenharim que estavam abrigados no 54º Batalhão de Infantaria de Selva de Humaitá retornaram na segunda-feira (30) à Terra Indígena Tenharim Marmelos, localizada em Humaitá, no sul do Amazonas. O clima na cidade é tenso desde o último dia 16, quando três homens brancos desapareceram após serem vistos trafegando de carro pela Rodovia Transamazônica.
De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), o deslocamento dos índios contou com o apoio das polícias Federal e Rodoviária Federal e da Força Nacional. A Funai informou também que os servidores da Coordenação Regional Madeira, que atuam no município, foram transferidos para outra localidade por questões de segurança.
Moradores acusam os índios de terem sequestrado os homens em represália à morte do cacique Ivan Tenharim. Após o desaparecimento, manifestantes incendiaram, no último dia 25, o prédio da Funai, destruindo também carros e o barco do órgão. Os nove servidores da Funai que estavam na cidade não ficaram feridos. No fim da tarde de sábado (28), todos os funcionários foram retirados da cidade.
Servidores que atuam na sede da Funai em Brasília foram encaminhados a Humaitá para, segundo a fundação, colaborar com os trabalhos. “Cabe à Funai atuar como mediadora no diálogo entre os indígenas e as forças de segurança, sendo de responsabilidade da polícia a investigação das denúncias e crimes ocorridos”, informou o órgão em nota.
Na segunda-feira, a Justiça Federal determinou que governo adote medidas para garantir a segurança dos indígenas após ameaças de invasão à Terra Tenharim. Em sua decisão, a juíza Marília Gurgel relatou que a população está “acuada e relegada à própria sorte” por causa da suspeita de participação no desaparecimento. A juíza determinou também que os órgãos de segurança devem elaborar um plano para garantir a segurança dos índios, instalar postos de fiscalização próximos à reserva e monitorar o trecho da Transamazônica que corta a terra dos índios.
A reportagem entrou em contato com os índios por meio de um telefone público localizado próximo à Aldeia Tenharim, mas foi informada que as lideranças não estão falando com a imprensa. O 54º Batalhão de Infantaria de Selva também foi contactado, respondeu que as informações sobre as operações do batalhão são restritas e serão repassadas apenas por meio de entrevista feita pessoalmente com o comandante, que não foi localizado. (Fonte: Agência Brasil)