Excesso de segurança e burocracia atrasam retomada nuclear no Japão

Centenas de técnicos e engenheiros estão acampados em hotéis de Tóquio na esperança de reativar a indústria nuclear do Japão, paralisada desde o desastre de Fukushima há quase três anos. Isso está sendo um trabalho árduo. Um órgão regulador novo e mais independente está atuando, fazendo perguntas difíceis e tentando impor regras de segurança mais rígidas aos serviços públicos poderosos.

A Autoridade Reguladora Nuclear foi criada em 2012 e estabeleceu novas diretrizes de segurança em julho do ano passado. Ela agora tem quatro equipes examinando reatores em nove centrais nucleares, de uma lista de usinas que estão tentando reiniciar suas atividades.

Um prazo para completar as verificações não foi cumprido, pois o órgão ainda está pedindo muitas informações. Ninguém consegue prever quando o primeiro dos 48 reatores será religado.

Os atrasos estão atrapalhando as empresas de serviços de utilidade pública, que têm que gastar bilhões de dólares para importar combustíveis fósseis, para se manter funcionando, empurrando o Japão para um déficit comercial recorde e colocando em risco as políticas do primeiro-ministro Shinzo Abe para acabar com anos de crescimento estagnado.

“Todas as usinas estão numa situação parecida e, a menos que as questões pendentes sejam resolvidas, não poderemos determinar se elas estão de acordo com os padrões”, disse o diretor da Autoridade Reguladora Nuclear Tomoya Ischimura.

O regulador e funcionários das usinas nucleares e da Mitsubishi Heavy Industries Ltda, um dos principais fornecedores de equipamentos para usinas nucleares, estão lutando contra montanhas de documentos sobre especificações técnicas dos reatores e a sua vulnerabilidade diante de desastres naturais, como o terremoto e tsunami que derrubaram a estação de Fukushima Daiichi em março de 2011.

Ninguém tem experiência para realizar esse tipo de controle de segurança tão detalhado devido ao sistema complacente que existia antes de Fukushima.

“Apenas um esboço de critérios de segurança foi definido, não os detalhes, então o diálogo entre a autoridade reguladora e as empresas de energia para estabelecer as especificações está demorando”, disse Seiichi Nakata, líder de projeto do Departamento de Política, Comunicação e Assuntos Internacionais do Fórum da Indústria Atômica do Japão.

E uma vez que as verificações forem feitas, os reatores deverão ser submetidos a inspeções planejadas, que levavam até dois meses no antigo regime, assim como será preciso obter o sinal verde das autoridades locais para que possam ser religados. As usinas estão sendo tratadas como se tivessem acabado de ser construídas e estivessem buscando certificação para começar a operar pela primeira vez. (Fonte: G1)