Ig Nobel premia cientistas que se vestiram de urso para ver reação de renas

Em tempos de aquecimento global, ambientalistas vestidos como urso polar para alertar para o derretimento do Ártico estão por todo lado. Mas como será que uma legítima rena do Polo Norte reage ao ver alguém fantasiado de urso? A dúvida de uma dupla de pesquisadores da Noruega virou um trabalho científico. Na quinta-feira (18), o estudo rendeu a eles um prêmio, ou melhor, um antiprêmio. A dupla foi laureada com o Ig Nobel, a sátira do prêmio Nobel.

Eigil Reimers e Sindre Eftestol, da Universidade de Oslo, receberam com bom humor a honraria em uma disputada cerimônia no Teatro Sander, na Universidade Harvard, em Cambridge (EUA). Munidos com ursinhos de pelúcia, eles mostraram imagens deles “fantasiados”. Os pesquisadores reconheceram que não se pareciam muito com um urso, mas não contaram qual foi o resultado do encontro.

O Ig Nobel, concedido há 24 anos pela revista Anais da Pesquisa Improvável, tem como premissa honrar pesquisas que primeiro fazem rir e depois pensar. Nessa linha, nem tudo é esdrúxulo, mas certamente é curioso. É o caso da pesquisa que investigou se é mentalmente perigoso para um ser humano ter um gato. O trabalho, que ganhou o Ig Nobel de Saúde Pública, tinha um propósito sério: analisar os riscos de contaminação por toxoplasmose.

Outras pesquisas, porém, são graça pura. Como o trabalho japonês que mediu o valor da fricção entre um pé e uma casca de banana e entre esta e o chão, quando algum desavisado escorrega em uma casca de banana na rua. O trabalho recebeu o Ig Nobel de Física. Ou o estudo que tentou entender o que acontece no cérebro de pessoas que dizem ver a face de Jesus em um pedaço de torrada. Se nada mais der certo, brincou o chinês Kang Lee, é possível comprar uma torradeira com a cara de Jesus no eBay. Destaque também para o trabalho que documentou “cuidadosamente” – como destacaram os organizadores da premiação – o posicionamento de cachorros quando eles fazem xixi ou cocô. Segundo Vlastimil Hart e colegas da República Checa e da Alemanha, na hora de fazer suas necessidades fisiológicas, os animais alinham o eixo do corpo com as linhas do campo geomagnético norte-sul da Terra.

Em Nutrição, o prêmio ficou com as espanholas Raquel Rubio, Anna Jofré, Belén Martín, Teresa Aymerich e Margarita Garriga por seu estudo intitulado “Caracterização da bactéria do ácido lático isolado de excrementos de bebês como cultivo de potencial alimento probiótico para salsichas fermentadas”. Ou seja, as pesquisadoras propõem fabricar salsichas nutritivas com excrementos de bebês.

Na área de Economia, quem levou o prêmio foi o Instituto Nacional de Estatística italiano por “assumir a liderança e cumprir com a instrução da União Europeia para que cada país aumente o tamanho oficial da economia nacional incluindo a renda proveniente da prostituição, da venda de drogas ilegais, do contrabando e de outras transações financeiras ilícitas”.

Por fim, o prêmio de Psicologia foi para Peter Jonason (Austrália), Amy Jones (Reino Unido) e Minna Lyons (EUA) por “reunirem evidências de que as pessoas que normalmente ficam acordadas até tarde são, geralmente, mais narcisistas, manipuladoras e psicopáticas do que as pessoas que costumam a se levantar cedo”.

Ao todo foram entregues, das mãos de verdadeiros Nobel, 10 prêmios. O “troféu” era um prato com um frasco de pílulas Acme, em referência aos desenhos do papa-léguas. (Fonte: UOL)