O desmatamento de florestas tropicais no Hemisfério Sul tem acelerado o aquecimento global e ameaça a produção mundial de alimentos ao distorcer os padrões de chuva na Europa, na China e no meio-oeste dos Estados Unidos, de acordo com estudo divulgado nesta quinta-feira (18) na revista “Nature Climate Change”.
Até 2050, o desflorestamento pode levar a uma queda de 15% na chuva em regiões tropicais, incluindo na Amazônia, no sudeste da Ásia e na África Central.
Grande parte do desmatamento tem como objetivo liberar terra para agricultura. Isso pode causar um ciclo vicioso, aumentando o aquecimento global e reduzindo a produção de alimentos em fazendas, o que, em contrapartida, leva os produtores a cortarem mais árvores para dar espaço para cultivo, disseram os especialistas.
“Quando você desmata os trópicos, estas regiões vão passar por um aquecimento significante e maiores secas”, disse Deborah Lawrence, professora da Universidade da Virginia e líder do estudo.
Remover árvores e plantar colheitas libera dióxido de carbono na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. Ao mesmo tempo, áreas desmatadas também são menos capazes de reter umidade, imediatamente alterando os padrões locais de clima.
‘Da Amazônia para o mundo’ – O estudo disse que se as atuais taxas de desflorestamento na floresta Amazônica persistirem, a produção de soja na região pode cair em 25% até 2050. A retirada de vegetação no Congo e na Tailândia também podem ter consequências em outras partes do mundo, levando a mais chuvas para a Grã-Bretanha e ao Havaí, e menos chuvas ao sul da França e à região do meio-oeste dos EUA, segundo o estudo.
Globalmente, os níveis de desflorestamento estão crescendo vagarosamente, disse Deborah. O Brasil conseguiu conter suas taxas de desmatamento, em uma “linda história de sucesso”, disse ela, ao passo que a situação na Indonésia piorou.
Um desflorestamento completo pode levar a um aumento de 0,7 grau nas temperaturas mundiais, isso além do impacto de gases-estufa, dobrando o aquecimento global desde 1850. “Florestas tropicais são frequentemente atribuídas como o ‘pulmão do mundo’, mas elas são mais parecidas com as glândulas sudoríparas”, disse Deborah.
“Elas cedem muita humidade, o que ajuda a manter o planeja refrescado. Essa função crucial estará perdida – e será até mesmo revertida – caso as florestas sejam destruídas”, acrescentou. (Fonte: G1)