A cobertura de gelo no oceano Ártico durante o inverno atingiu seu menor nível já registrado, segundo cientistas. A queda seria causada pelas mudanças climáticas e pelo clima mais ameno que afetou a formação de gelo na região.
O Centro Nacional de Informação de Gelo e Neve dos Estados Unidos (NSIDC, na sigla em inglês) informou nesta quinta-feira (19) que o maior nível de cobertura de gelo registrado foi de 14,5 mil quilômetros quadrados nos mares árticos. Esse número representa 130 mil quilômetros quadrados menos do que o menor índice registrado até então em 2011.
De acordo com os pesquisadores, as mudanças climáticas estão causando o declínio da cobertura de gelo no Ártico, com um estudo recente mostrando, inclusive, que ele está se tornando mais “fino”, aproximadamente 65% desde 1975.
A queda mais pronunciada da média de cobertura registrada entre 1981-2010 aconteceu nos mares de Bering e Okhotsk, no Pacífico norte. Lá, o gelo encolheu entre 100 e 200 quilômetros, dependendo da área, do que em anos normais.
De acordo com o principal pesquisador do NSIDC, Ted Scambos, os mares árticos estão se tornando progressivamente mais quentes devido às mudanças climáticas. Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, ele afirmou que a combinação de águas mais quentes com um inverno mais ameno criaram péssimas condições para ampliar a cobertura de gelo.
“Esse recorde em gelo é significante, pois mostra que o Ártico está sofrendo um sério impacto do aquecimento global”, disse Scambos.
A expectativa agora é que esse índice caia também durante o verão – começando em março e atingindo seu menor nível em setembro. A perda de gelo no Ártico levantou um questionamento se, em algum momento no futuro, a região terá seu primeiro verão sem gelo. Scambos afirmou que a expectative é que a cobertura de gelo caia abaixo de 1.000 quilômetros quadrados nos próximos 15 anos — o que implicaria em profundas mudanças no Ártico.
“Menos de um quilômetro quadrado significaria que o Polo Norte poderia ser formado apenas por água, que um oceano existiria ao norte da Sibéria e que imensos ecossistemas de plantas e animais teriam um um grande impacto. Minha opinião é que poderíamos atingir esse nível por volta de 2030”, diz.
Bob Ward, do Instituto de Pesquisa Grantham sobre Mudanças Climáticas e Meio Ambiente na London School of Economics (LSE) afirmou ao jornal que “isso representa evidência maior do impacto do aquecimento global, apesar das afirmações contrárias feitas pelos que não acreditam em mudanças climáticas”. (Fonte: UOL)