Petroleiras prometem ajudar a salvar o clima, mas rejeitam taxar carbono

Presidentes de dez grandes empresas de petróleo prometeram nesta sexta-feira reduzir as emissões de gases de efeito estufa por flaring – queima de resíduos e excessos em refinarias – mas rejeitaram iniciativas para taxar ou limitar emissões de carbono.

Na tentativa de melhorar a imagem da indústria do petróleo no debate sobre o aquecimento globa, os líderes dessas que produzem 20% do petróleo e do gás no mundo, reconheceram que os atuais níveis de gases de efeito estufa são inconsistentes com o objetivo de limitar o aquecimento global a 2°C além dos níveis pré-industriais, mas não tocaram no assunto de reduzir suas próprias emissões.

Executivos das empresas concederam uma entrevista coletiva em Paris, sede da Cúpula do Clima da ONU em dezembro próximo, pedindo um acordo “efetivo” no encontro da ONU em dezembro, quando negociadores de quase 200 nações se encontrarão para tentar criar um acordo global de redução de emissões. Aderiram ao acordo as empresas Shell, BP, BG, Aramco, Statoil, Eni, Pemex, Total, Repsol e Reliance.

Apesar de prometerem colaborar limitando o flaring, o grupo não chegou a um acordo sobre um mecanismo para precificação de carbono, algo que chefes de sete empresas europeias haviam conseguido. O grupo global declarou que vai encorajar o setor privado a usar fontes mais limpas de energia e vai desenvolver novas tecnologias, como a captura e armazenamento de carbono (CCS na sigla em inglês).

“Há empresas internacionais e nacionais de petróleo, e algumas das nações têm visões diferentes sobre a precificação de carbono”, afirmou Bob Dudley, executivo da britânica BP. “Nós achamos que essa é a rota que vai nos permitir alocar nosso capital e fazer nossos investimentos. Isso não está escrito no relatório porque queríamos reunir um grupo comprometido com muitas das outras metas amplas.”

Empresas como a saudita Aramco, a indiana Reliance Industries e a mexicana Pemex barraram a menção a precificação de carbono na declaração conjunta.

Duas das maiores empresas de petróleo do mundo, Exxon Mobil e Chevron, não assinaram o documento apresentado na sexta-feira.

Vilões – Para muitas das empresas, essa é uma luta pelo futuro do setor de petróleo e gás no debate público que ocorre enquanto cresce o número de organizações e políticos pedindo cortes nas emissões de gases do efeito estufa.

“Às vezes, em todas essas discussões temos a impressão de que todos os combustíveis fósseis são vilões”, afirmou Patrick Pouyanne, presidente-executivo da francesa Total. “Mas os vilões são parte da solução.”

O empresário realçou o papel do gás natural, um combustível fóssil poluente, mas mais limpo do que o carvão, na transição para uma economia mais limpa. “Formuladores de políticas de muitos países não estão convencidos de que o gás é parte da solução para a mudança climática”, afirmou o francês. “Nós na indústria precisamos falar.”

Flaring – O Banco Mundial estima que 300 milhões de toneladas de CO2 são emitidos por flaring anualmente, o equivalente ao produzido por 77 milhões de carros.

Para os ambientalistas, a promessa de reduzir o flaring sem uma meta e a recusa em estabelecer limites de emissão enfraquece a declaração da indústria petroleira.

“Essa última intervenção delas não contém nada que vá ajudar significativamente a descarbonização da economia global”, afirmou Charlie Kronick, do Greenpeace. (Fonte: G1)