Análise não é consistente com bomba H na Coreia do Norte, dizem EUA

A análise inicial do teste nuclear que a Coreia do Norte diz ter realizado nesta quarta-feira (6) não é consistente com as reivindicações do país de um teste de bomba de hidrogênio bem-sucedido, informou a Casa Branca.

“A análise inicial dos eventos reportados nesta noite não é consistente com a reivindicação da Coreia do Norte sobre um teste de bomba de hidrogênio bem-sucedido”, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, durante entrevista coletiva. “O governo dos EUA julga que a Coreia do Norte pode ter realizado um teste nuclear”, disse.

A Coreia do Norte anunciou ter feito um teste bem-sucedido com uma miniatura de bomba de hidrogênio – a bomba H ou bomba termonuclear, que pode ser até 50 vezes mais potente que a bomba atômica.

O uso da arma ainda não foi confirmado por outros países, mas foi registrado um terremoto de magnitude 5,1 na área onde os norte-coreanos já fizeram outros testes nucleares.

O porta-voz disse que a Casa Branca está trabalhando para saber mais sobre o suposto teste, e que qualquer teste nuclear da Coreia do Norte é uma “violação provocativa e escandalosa” das medidas do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Nada do que ocorreu nas últimas 24 horas leva o governo dos Estados Unidos a modificar sua avaliação das capacidades técnicas e militares da Coreia do Norte”, acrescentou.

Earnst afirmou que o presidente americano, Barack Obama, abordará o tema nesta quarta-feira em conversa telefônica com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e com a presidente sul-coreana, Park Geun-Hye.

Atividade nuclear – Várias resoluções da ONU proíbem a Pyongyang qualquer atividade nuclear sob a pena de ser alvo de sanções.

Segundo autoridades da Coreia do Sul, o teste foi provocado artificialmente por uma explosão. Foi o quarto teste com arma nuclear feito pelo país e teria sido o primeiro usando uma bomba de hidrogênio. Outros testes ocorreram em 2006, 2009 e 2013.

A bomba de hidrogênio ou termonuclear utiliza a fusão do átomo em cadeia e provoca uma explosão mais potente que a chamada bomba atômica, que utiliza a fissão nuclear. A bomba de hidrogênio (fusão) é mais poderosa e mais difícil de construir. Já a bomba A (fissão) é semelhante à utilizada em Hiroshima.

Dúvidas – O anúncio foi recebido com grande ceticismo por especialistas – que opinam que a potência aparentemente liberada pela explosão foi muito fraca para que a bomba fosse de hidrogênio -, ao mesmo tempo em que provocou várias condenações imediatas ao redor do mundo.

A agência de espionagem sul-coreana, no entanto, contesta que a Coreia do Norte tenha testado uma bomba de hidrogênio, segundo Lee Cheol Woo, integrante do comitê de inteligência do Parlamento, segundo a AP. O tamanho relativamente pequeno da onda sísmica registrada levantou a suspeita.

A agência sul-coreana de inteligência diz que esta ainda seria uma bomba de fissão. Lee diz que mesmo uma detonação que falhou de uma bomba de hidrogênio poderia ter provocado o mesmo impacto que o mencionado.

Sanções – O Conselho de Segurança da ONU começará a trabalhar em “medidas” em resposta a um teste nuclear que a Coreia do Norte diz ter realizado.

“Os membros do Conselho de Segurança… lembraram que expressaram antes dua determinação para tomar mais medidas significativas no caso de outro teste nuclear da DPRK (Coreia do Norte)”, disse o presidente do Conselho, Elbio Rosselli, na quarta-feira.

“Na linha deste compromisso e da gravidade dessa violação, membros do Conselho de Segurança vão começar a trabalhar imediatamente em tais medidas em uma nova resolução”, disse.

Segundo informou o embaixador britânico Matthew Rycroft, o Conselho de Segurança considera impor novas sanções contra a Coreia do Norte.

O Conselho iniciou nesta quarta uma reunião de consultas de emergência em Nova York com os embaixadores dos 15 países membros, solicitada pelos Estados Unidos e pelo Japão.

Em uma ligação telefônica, o secretário americano de Defesa, Ashton Carter, e seu homólogo sul-coreano advertiram que o anúncio da Coreia do Norte deverá “ter consequências” para Pyongyang. (Fonte: G1)