Conservacionistas do acampamento mais antigo da Austrália na Antártida removeram 100 anos de neve e gelo para desenterrar itens que vão de balas a uma tigela, que revelam as severas condições enfrentadas pelo antigo explorador Douglas Mawson e sua equipe.
Seis restauradores retiraram meticulosamente o equivalente a um caminhão de cinco toneladas de gelo, ou 30 metros cúbicos, de uma cabana utilizada como base para as pesquisas geológicas e estudos científicos da região realizados antes da Primeira Guerra Mundial.
As Cabanas de Mawson fazem parte do acampamento mais isolado da Austrália na Antártida, à beira da Baía de Commonwealth, a 2.696 quilômetros ao sul de Hobart, capital da Tasmânia.
“Agora você entra no local e o cheiro é muito, muito forte”, disse Martin Passingham, líder do trabalho de restauração de dois meses, à Reuters por telefone via satélite a partir do local, que é frequentemente arrasado por nevascas.
“Na cabana principal, há coisas em todos os lugares, uma pá de carvão ao lado do fogão, potes e recipientes de alimentos na prateleira, colheres de madeira deixadas no banco da cozinha”, disse Passingham. “Todos esses itens realmente contam a história de forma mais completa.”
“A remoção do gelo permitiu a saída do cheiro do chão e da madeira”, acrescentou. “Você pode sentir como eles se moviam no local e como deveria ser apertado com todos eles dentro”.
Um dos seis complexos sobreviventes no mundo da “Era Heroica” da exploração da Antártida, o local foi usado durante 1912 e 1913 pela expedição de Mawson, que alcançou o litoral da região e descreveu pela primeira vez várias de suas espécies de aves e animais.
Dois membros da equipe de Mawson perderam suas vidas em 1913, no retorno da primeira expedição da Austrália na Antártida, depois de completarem os estudos científicos.
A localização das Cabanas de Mawson, que o explorador denominou de “casa da nevasca” devido aos ventos ferozes, é reconhecida como um ponto histórico e um monumento sob o Tratado da Antártida. (Fonte: G1)