Atualmente, já existem 23 projetos de vacina contra o vírus da zika em andamento no mundo, anunciou a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (22). As iniciativas são desenvolvidas por 14 instituições dos Estados Unidos, França, Índia, Áustria e Brasil.
“Há estimativas de que pelo menos alguns desses projetos vão para testes clínicos ainda este ano, mas muitos anos podem ser necessários antes que uma vacina totalmente testada e licenciada estiver pronta para uso”, disse Chan. Segundo ela, é possível que esta primeira onda explosiva de disseminação do vírus possa ter acabado antes de a vacina estar disponível.
Ainda assim, o desenvolvimento de uma vacina é considerado imperativo, já que mais da metade da população do mundo vive em áreas com a presença do mosquito Aedes aegypti, vetor do vírus da zika e de outras doenças como dengue, chikungunya e febre amarela.
As equipes de pesquisa estudam se a vacina, a princípio, seria destinada apenas a mulheres grávidas ou mulheres em idade reprodutiva, já que a consequência mais severa associada ao vírus até o momento é a microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas durante a gravidez.
Teste diagnóstico é urgente – Além disso, 30 empresas em todo o mundo estão trabalhando ou já desenvolveram potenciais novos testes diagnósticos para zika, segundo Chan. “Em termos de novos produtos médicos, os especialistas concordam que um teste diagnóstico confiável é a prioridade mais urgente.”
Segundo Bernardette Murgue, gerente de projeto dos Sistemas de Saúde e Inovação da OMS, apesar de várias equipes estarem trabalhando nos testes, apenas alguns deles já estão disponíveis comercialmente e quase nenhum passou por aprovação de órgãos regulatórios. “A OMS está conduzindo análises para guiar o desenvolvimento de novos produtos e também acelerar o processo para esses produtos passarem por avaliação regulatória.”
Crise de saúde pública grave – Existem 38 países e territórios com circulação do vírus da zika. Ainda não é possível saber, segundo Chan, se o padrão de aumento de casos de microcefalia e outros problemas neurológicos que foi observado no Brasil após a chegada do vírus irá se repetir em outros locais.
“Se esse padrão for confirmado para além da América Latina e o Caribe, o mundo enfrentará uma grave crise de saúde pública”, disse Chan.
A diretora-geral da OMS afirmou ainda que a transmissão sexual do vírus da zika é, agora, um fato confirmado, constatado por episódios de infecção de pessoas que tiveram relação sexual com parceiros que estiveram em áreas com circulação do vírus.
“Em menos de um ano, o status do zika mudou de uma curiosidade médica branda para uma doença com implicações graves em saúde pública”, afirmou. (Fonte: G1)