Documentos apontam indício de problemas nas obras de Fundão

Documentos contidos no inquérito da Polícia Federal (PF) e obtidos pelo Jornal Nacional apontam indícios de problemas nas obras da barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais.

Um relatório que estava no e-mail de uma das gerentes da Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, diz que a mineradora alterou materiais usados nos drenos e aterros, que não houve registro das alterações e que, muitas vezes, as alterações eram indicadas em croquis feitos a mão.

Em depoimento, o engenheiro responsável pela obra confirmou a alteração de material, que “devia ser mais barato”. Ele disse ainda que fazer “croqui é um procedimento da Samarco”.

“Para a Polícia Federal está caracterizado que eles [Samarco] assumiram um risco de um rompimento da barragem e de, a partir do momento em que se recusam a fazer os estudos necessários, se recusam a fazer os projetos necessários, ou até mesmo de abandonar uma barragem que já estava com problema, desde a sua construção”, afirmou o delegado Roger Lima de Moura. O inquérito da Polícia Federal ainda não foi concluído.

A Samarco afirmou que não há nenhum relatório de qualquer gerência da empresa apontando erros na execução do projeto da barragem. A mineradora declarou também que não procede a informação de que a empresa tenha substituído materiais com o objetivo de redução de custos.

A barragem de Fundão se rompeu no dia 5 de novembro do ano passado, causando 19 vítimas. O mar de lama destruiu o distrito de Bento Rodrigues, devastou o Rio Doce e chegou até o litoral do Espírito Santo.

MPF pede R$ 155 bilhões – Nesta terça-feira (3), o Ministério Público Federal (MPF), que também investiga o desastre causado pelo rompimento da barragem de Fundão, informou que uma ação contras as mineradoras Samarco, Vale e BHP, pede R$ 155 bilhões em reparação aos danos causados. O valor foi anunciado durante entrevista coletiva em Belo Horizonte dos procuradores da República José Adércio Leite Sampaio, Eduardo Aguiar, Jorge Munhós e Eduardo Santos de Oliveira, que integram a força-tarefa do órgão.

A ação civil, resultado de seis meses de investigação, tem 359 páginas e apresenta mais de 200 pedidos que buscam a reparação integral dos danos sociais, econômicos e ambientais causados pelo rompimento da barragem. (Fonte: G1)