A cidade do Rio de Janeiro recebeu nesta terça-feira (13) o título de primeira paisagem cultural urbana declarada Patrimônio Mundial. O prêmio foi concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O vice-prefeito do Rio, Adilson Pires, representou o prefeito Eduardo Paes na cerimônia no auditório do Centro de Visitantes das Paineiras, no Parque Nacional da Tijuca. Ele recebeu o título das mãos da Coordenadora de Cultura da Unesco, Patricia Reis.
A presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa disse que o Rio foi a primeira candidatura de cidade como paisagem cultural. O Rio passou a ser a primeira área urbana no mundo a ter reconhecido o valor universal de sua paisagem urbana.
Segundo ela, a paisagem da cidade é “arrepiante”, mas o grande compromisso não é só o título.
Um comitê gestor, coordenado pelo Iphan e composto por 20 integrantes, foi instalado durante a cerimônia para discutir uma gestão integrada.
“Esse título traz responsabilidade que não pode ser enfrentada sozinho por um órgão ou outro órgão, por isso tem o comitê gestor. É uma responsabilidade coletiva, das três esferas de governo e da sociedade”, afirmou.
A cerimônia não aconteceu aos pés do Cristo Redentor como estava planejado por causa das condições do tempo. No final da cerimônia, os participantes descerraram marcos sobre o título na frente do Centro de Visitantes do Parque Nacional da Tijuca.
No evento também foi lançado um livro, editado pela Unesco, que mostra as paisagens cariocas conhecidas mundialmente. O livro estará à venda por R$70.
Entre os elementos que contribuíram para a conquista do título estão o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, o Jardim Botânico, a praia de Copacabana e a entrada da Baía de Guanabara.
Além disso, as belezas cariocas incluem ainda o forte e o morro do Leme, o forte de Copacabana, o Arpoador, Parque do Flamengo e a enseada de Botafogo.
O representante da Unesco no Brasil, Lucien Muñoz, afirmou que, assim como foi o reconhecimento de Brasília há 30 anos, o título do Rio também foi inovador.
Para ele, a convivência da Cidade Maravilhosa com sua rica paisagem natural indica desafios permanentes para assegurar a perenidade dos atributos únicos que levaram a cidade a ser inscrita na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco.
União para preservar – Em entrevista no evento, a presidente do Iphan disse que é preciso entender que a responsabilidade de proteger a paisagem deve ser coletiva para que futuras gerações possam usufruir adiante. Segundo ela, a defesa do patrimônio e do meio ambiente não é fácil.
Ela fez um apelo para unir esforços para a preservação e lembrou as dificuldades de fiscalização que o instituto enfrenta às vésperas de completar 80 anos. Kátia disse que o instituto tem atualmente 698 funcionários em todo o país e sem perspectiva de concurso.
Ainda de acordo com ela, 350 funcionários vão se aposentar nos próximos dois anos. Algumas profissões que são prioritárias para o Iphan estão deixando de existir. Ela citou como exemplo o restaurador de bens móveis.
” Com toda essa trajetória que o Iphan construiu, a instituição chega aos 80 anos dessa forma. Em todos os lugares é precária. A gente sabe que o país está em crise sem precedentes, mas a cultura é a dimensão humana”, disse.
Campanha para obras – Enquanto a cidade recebe a condecoração da Unesco, o principal monumento da cidade pede ajuda financeira para obras de recuperação. A Arquidiocese do Rio lançou uma campanha para arrecadar fundos para o Cristo Redentor, já que não recebe repasse do valor dos ingressos.
São muitos os reparos necessários para manter o monumento. Há 85 anos, ele faz parte da paisagem carioca e a exposição integral do monumento à umidade causa rachaduras e outros pequenos defeitos, que precisam de cuidado preventivo para não mudar a aparência que imortalizou o o maior cartão postal da cidade.
Segundo a arquiteta Cristina Ventura, responsável pela manutenção do Cristo, pequenos detalhes que precisam ser cuidados.
“Aqui a gente já consegue ver uma fissura que partiu inclusive as tecelas, tá vendo? Isso aí ela acaba deixando deixa passar a umidade pra parte interna e deixando toda essa estrutura secundária mais úmida. O risco maior que a gente tem, se a gente não fizer essa manutenção, essa conservação preventiva, é da gente perder parte original do Cristo”, adverte. (Fonte: G1)