Parte da vegetação da Serra dos Parecis que queimou em um incêndio, no mês passado, pode demorar até 120 anos para se recompor totalmente, em Guajará-Mirim (RO), na fronteira com a Bolívia. Conforme os Bombeiros, as chamas destruíram uma área correspondente ao tamanho de cinco campos de futebol.
A Serra dos Parecis é conhecida por receber turistas do Brasil e exterior e era usada até para receber pedidos de casamentos, por causa da paisagem.
O biólogo, pesquisador e professor da Fundação Universidade Federal de Rondônia (Unir), Gabriel Cestari Villardi, explicou que a vegetação irá se recuperar naturalmente e voltará a ser igual a que foi destruída pelo fogo, porém algumas árvores (as de maior porte) podem levar de 70 até 120 anos para alcançarem o tamanho que tinham anteriormente.
Ele afirma ainda que parte do solo da serra é rochoso, fazendo com que as plantas aproveitem uma fina camada do solo para poder se desenvolver, tornando o solo mais frágil e vulnerável às queimadas.
“As chamas e o calor destroem parte da biota do solo e prejudica diretamente a sua recuperação. O cerrado normalmente se recupera mais rápido porque é um ambiente que já está adaptado a se recuperar de queimadas naturais, já a floresta amazônica, se receber uma queimada severa, vai demorar muito mais tempo para se recuperar”, explica.
Incêndio na Serra dos Parecis – As chamas foram controladas pelo Subgrupamento do Corpo de Bombeiros do município, que utilizou 300 litros de água, além de abafadores e bombas costal anti-incêndio para resfriar e eliminar os focos em vários pontos da Serra dos Parecis.
Um dia após o incêndio, o comandante do subgrupamento, Tenente Atenor Barreto, disse que vários fatores contribuíram para a propagação das chamas, dentre eles a baixa umidade relativa do ar, falta de chuvas e a vegetação seca, porém a possibilidade de o incêndio ter sido criminoso não foi descartada por ele.
Devido o incêndio ter ocorrido em uma área de mata fechada e difícil acesso, os bombeiros tiveram dificuldades para combater o fogo, sendo necessário adentrar na floresta para evitar uma propagação ainda maior.
“Fomos acionados para combater um incêndio nessa área preservada. Realmente o estrago foi bastante extenso e correspondente a uma área de cinco campos de futebol. O terreno tem bastante pedra, mas felizmente conseguimos atuar e extinguir o fogo usando a técnica de resfriamento com a bomba costa e depois usando os abafadores”, disse Barreto na ocasião.
Semma – De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), que é o órgão responsável por cuidar e preservar o local, não existe nenhuma política de reflorestamento ou forma de acelerar o processo de recuperação da área destruída, porém o órgão estuda medidas para intensificar a fiscalização e tentar inibir os crimes ambientais como queimadas, desmatamentos e poluição da água e do solo no entorno da serra.
Serra dos Parecis – A beleza peculiar da Serra dos Pacaás Novos, conhecida popularmente como “Serra dos Parecis”, tornou-se uma das principais atrações e opção de lazer diário para turistas que visitam ou passam por Guajará-Mirim, principalmente nos finais de semana.
Os visitantes consideram o local o auge dos pontos turísticos na região da Pérola do Mamoré na fronteira com a Bolívia. O encanto dos frequentadores é diretamente expressado em fotografias, vídeos, acampamentos e passeios turísticos, ou simplesmente em uma rápida visita.
O local é considerado também um palco romântico, onde já foram realizados casamentos e até pedidos de noivado, justamente pela paisagem propícia ao romantismo com o pôr do sol ao horizonte, amado pelos casais apaixonados.
A serra está situada na zona rural do município e a margem da BR Engenheiro Isaac Bennesby, a cerca de 6 quilômetros da área urbana. Além das paisagens naturais, trilhas e cachoeiras, a bela visão aérea abrange vários quilômetros do perímetro. Quando os turistas olham de cima, veem os veículos minúsculos transitando na BR, o que os deixa extasiados.
O acesso ao local pode ser feito por uma estrada lateral que vai até o topo da serra, com extensão de aproximadamente 1 quilômetro. Além dessa rota principal, existe ainda uma alternativa que pode ser feita pelas pedras e cachoeiras, que é a preferida pelos esportistas e aventureiros. (Fonte: G1)