Numa estratégia de longo prazo apresentada nesta quarta-feira (28/11), a União Europeia (UE) instou governos, empresas e cidadãos a aderirem à ambiciosa meta de cortarem as emissões de gases do efeito estufa, deixando de lado os combustíveis fósseis, e atingirem a chamada “neutralidade climática” até 2050.
Ao apresentar a estratégia, o comissário europeu para Ação Climática e Energia, Miguel Arias Cañete, afirmou que a UE deve servir de exemplo na próxima Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP-24), a ser realizada na Polônia, de 3 a 14 de dezembro.
No plano, a UE traça oito possíveis caminhos para reduzir as emissões. Dois deles dizem respeito à absorção da mesma quantidade de CO2 que se emite no bloco, tornando-o climaticamente neutro.
“Vale a pena se tornar a primeira grande economia a se descarbonizar completamente, a alcançar emissões zero”, disse Cañete. “Vai requerer muito esforço, mas é factível.”
Segundo Cañete, a estratégia tem como objetivo “dar direção às políticas climáticas e energéticas e delimitar o que a União Europeia considera ser sua contribuição de longo prazo para alcançar os objetivos do Acordo de Paris”.
Sob um pacote de leis ambientais adotadas desde o Acordo de Paris – assinado em 2015 e que tem como objetivo limitar o aumento da temperatura global a 2 °C –, a UE está a caminho de superar sua promessa de reduzir suas emissões em 40% até 2030 em relação a 1990.
“Isso é bom, mas precisamos fazer mais”, disse Cañete, argumentando que investir em energia limpa impulsionará a economia e reduzirá os gastos com a importação de combustíveis fósseis.
O Parlamento Europeu e alguns Estados-membros do bloco defendem que a meta de 40% estabelecida para 2030 seja endurecida, mas a estratégia da UE não prevê medidas concretas ou novas metas específicas para a próxima década. O bloco é hoje responsável por cerca de 10% das emissões globais de gases do efeito estufa.
Todos os caminhos traçados na estratégia europeia apresentada nesta quarta preveem um aumento do consumo de eletricidade, sendo alguns cenários mais dependentes do armazenamento de energia, e outros, de combustíveis alternativos, como hidrogênio.
Para “zerar” as emissões, prevê Bruxelas, a UE terá que investir mais na captura de carbono e biocombustíveis, mas também precisará encorajar consumidores a mudaram seus hábitos.
A estratégia apresentada é um convite para que cidadãos, empresas e instituições “mostrem liderança” e executem ideias para limitar emissões, afirma a UE.
A Comissão Europeia também espera que a estratégia inspire governos da UE a serem mais ambiciosos quando traçarem seus próprios planos para alcançar as metas climáticas do bloco.
Estados-membros do bloco deverão apresentar à Comissão Europeia um esboço de seus planos climáticos e energéticos até o fim deste ano. O Acordo de Paris deve entrar em vigor em 2020, e o Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma) já alertou que a meta de 2 °C está desatualizada.
Após a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, anunciada pelo presidente Donald Trump em junho de 2017, cabe à UE assumir um papel de líder no combate às mudanças climáticas, destacou Cañete a poucos dias da COP-24. A conferência deve ser decisiva para definir detalhes do pacto climático.
Governos europeus, no entanto, estão divididos sobre como alcançar um equilíbrio entre política climática e proteção a setores geradores de emprego, como o automobilístico e da mineração.
A Alemanha, por exemplo, está tendo dificuldades para alcançar seus objetivos climáticos, tendo rejeitado metas mais altas de corte de emissões. Na França, milhares de manifestantes foram às ruas nos últimos dias para protestar contra o aumento do preço de combustíveis fósseis.
Fonte: Deutsche Welle