Enquanto o presidente norte-americano Donald Trump ainda olha com ceticismo para o aquecimento global, os órgãos do próprio governo não param de elaborar relatórios com evidências de que o clima no planeta está mudando de forma sem precedentes.
De acordo com o último Relatório Ártico, publicado anualmente pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), apontou os últimos cinco anos como os mais quentes da história do Ártico desde que registros começaram a ser feitos pela agência, em 1900.
As temperaturas polares estão subindo aproximadamente o dobro da taxa da média global, e de acordo com os cientistas por trás da última análise, isso está causando mudanças “inesperadas” no ambiente que vai além dos limites do Ártico. Um exemplo é a onda de frio que invadiu a Europa na primeira metade do ano.
O relatório também aponta para o fato de plantas mais comuns em climas mais quentes estarem se espalhando pelo Polo Norte. “O Ártico está experimentando a transição mais sem precedentes na história da humanidade”, disse Emily Osborne, que liderou o relatório, ao Independent. “Essas mudanças estão afetando os residentes do Ártico e têm o potencial de afetar pessoas muito além da região.”
Segunda a pesquisadora, nos 13 anos em que a NOAA vem publicando seus relatórios, a tendência de aquecimento no Ártico continuou a ficar cada vez mais severa. Isso enquanto países como a Rússia e o próprio EUA manifestaram interesse em expandir sua perfuração de combustíveis fósseis no Ártico, e o derretimento do gelo está abrindo pistas de navegação anteriormente inacessíveis para o norte.
“Este relatório ajudará a orientar as prioridades da NOAA no melhor entendimento do papel do Ártico na mudança climática e clima extremo; sustentação e crescimento da pesca; e apoiar a adaptação e as oportunidades econômicas na região”, disse ao Independent o contra-almirante da reserva Timothy Gallaudet, subsecretário de comércio para oceanos e atmosfera na NOAA.
Este relatório se soma a outro, divulgado há cerca de uma semana, que conclui ser a mudança climática resultante do uso excessivo de combustíveis fósseis uma grande ameaça tanto para a vida dos norte-americanos quanto para a economia do país. Na ocasião, o presidente Donald Trump disse simplesmente que não acreditava na pesquisa.
A administração de Trump vem revogando as regulamentações ambientais da era Obama em um esforço para maximizar a produção de combustíveis fósseis, e anunciou a retirada dos EUA do acordo climático de Paris.
Ao mesmo tempo, na COP-24, na Polônia, os EUA têm sido chamados de “Vilões do Clima”, por se aliarem à Rússia e à Arábia Saudita em um esforço para desqualificar os resultados do mais importante relatório sobre o clima do ano, realizado pelo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), encomendado durante a COP-21, em que também foi assinado o Acordo de Paris.
O relatório demonstrou a importância de tentar manter o aquecimento do planeta abaixo do 1,5ºC em relação ao início da Era Industrial, além da urgência das nações fazerem mudanças sem precedentes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa ou experimentar impactos em todos os setores da sociedade.
Fonte: Revista Galileu