Penas de aves de 100 milhões de anos são encontradas preservadas em âmbar

Fósseis de penas de aves pré-históricas (Foto: PIERRE COCKX/RSM)
FÓSSEIS DE PENAS DE AVES PRÉ-HISTÓRICAS (FOTO: PIERRE COCKX/RSM)

Paleontólogos encontraram fósseis de pássaros de 100 milhões de anos de idade e descobriram que as aves daquela época tinham penas bem diferentes das que vemos hoje. Os 31 pedaços de âmbar do período Cretáceo foram localizados em Mianmar, ao sul da Ásia.

“Eles são as penas mais estranhas que eu já vi”, disse o coautor do estudo publicado no Journal of Palaeogeography, Jingmai O’Connor, do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia, em Pequim, em comunicado.

A descoberta sugere que as penugens daqueles animais servia como um chamariz defensivo para enganar os predadores. As penas já haviam sido vistas em aves chinesas (conhecidas como Confuciusornis sanctus), de 125 milhões de anos, e em algumas espécies de dinossauros emplumados. Até agora, os especialistas acreditavam que elas eram apenas ornamentais — com os novos fósseis, essa ideia pode mudar.

Um dos motivos para o estranhamento foi o formato das plumas: as chinesas estavam totalmente esmagadas, o que dificultava entender como seria o seu mecanismo. Já as de Mianmar — analisadas posteriormente — mostraram um formato semelhante a um meio cilindro, achatado e aberto de um lado.

“Eles também têm farpas de penas significativamente reduzidas em ambos os lados do eixo, em comparação com as modernas. Essas linhas traseiras teriam ficado esticadas e rígidas, como uma fita métrica ampliada”, explica o coautor Ryan McKellar, do Royal Saskatchewan Museum, no Canadá.

Os paleontólogos ainda apontam para a espessura fina das hastes das penas. “Em alguns espécimes elas chegam a três mícrons de espessura. Isso é menor que o tamanho da célula média”, diz O’Connor, que ainda questiona: “Como algo poderia ser tão fino e manter a integridade estrutural?”

Todas as pistas sugerem que as plumas desses pássaros eram descartáveis e podiam ser muito úteis para que as aves conseguissem escapar das garras dos predadores. O fato de tantas terem sido encontradas longe dos corpos dos animais sugere que elas foram arrancadas com facilidade. Para McKellar, isso confirma seu papel defensivo. “Você está dando ao predador um alvo não letal que tem metade do tamanho do seu corpo.”

Segundo Gerald Mayr, ornitólogo do Instituto de Pesquisa Senckenberg e do Museu de História Natural de Frankfurt, na Alemanha, toda essa ideia ainda é especulativa. O especialista, porém, acha bastante intrigante o fato das hastes das penas serem entreabertas: “Isso sugere diferenças significativas de desenvolvimento e funcionais para a penugem das aves vivas”.

Fonte: Revista Galileu