Bióloga distribuiu material no condomínio onde mora em São Paulo; iniciativa quer chamar a atenção para as aves que vivem na ´selva de pedra´.
Aves como os tico-ticos e os sabiás são velhas conhecidas, afinal, quem nunca observou uma delas na praça da cidade, no caminho da escola ou mesmo no quintal de casa? O que poucos sabem, ou percebem, porém, é que são diversas as espécies que vivem em áreas urbanas.
Mesmo sem sair de casa, em respeito ao isolamento social, a observadora e bióloga Tietta Pivatto, de São Paulo, descobriu um jeito simples de aproximar as pessoas da natureza. “Sempre faço listas de observação e os flagrantes que fiz nos arredores do condomínio já renderam 33 espécies diferentes. Aí pensei: será que os vizinhos não gostariam de saber delas?”, diz.
Não demorou muito para a passarinheira colocar em prática a ideia de conectar a vizinhança à diversidade paulistana. “Fiz um folheto com QR code de cada uma das 33 espécies e distribuí para todos os 104 apartamentos do meu condomínio, além de deixar alguns extras na portaria” conta Tietta.
A ideia é muito simples: basta apontar a câmera do celular para o código e a pessoa tem acesso às informações e fotos de cada uma das aves que ocorrem na região. “Além disso, escrevi um texto curto sobre observação e sobre como usar o folheto”, completa a observadora, que entre tantos flagrantes destaca as cambacicas, visitantes assíduas da varanda. “Também tem o casal de gibão-de-couro e os falcões-de-coleira que aparecem de vez em quando e sempre dão show”.
Admiradora das aves, a bióloga pratica o birdwatching há mais de 20 anos e agora se dedica à divulgação da prática. “Conhecer a importância da natureza e da conservação pode ajudar a conter o avanço do desmatamento e outras atividades destrutivas. Além disso, por não poder sair de casa as pessoas estão mais sensíveis à importância do meio ambiente”, destaca.
Todos os dias fico de olho nos passarinhos aqui da minha janela. O contato com a natureza é fundamental, move minha vida e meus objetivos profissionais. Estar próximo à natureza é renovador, inspirador e estimulante. É onde recarrego as baterias e volto com energias boas
— Tietta Pivatto, bióloga
Sem sair de casa há dois meses, são poucos os encontros de Tietta com os vizinhos, mas a passarinheira teve alguns retornos animadores e deseja que a atividade se repita em outros lugares. “No dia que distribuí os folhetos um vizinho comentou ter adorado a ideia e disse que faria com o filho, além do próprio porteiro, que no mesmo instante já procurou uma das aves que ele conhecia e me contou que alguns vizinhos gostaram da iniciativa”, diz.
Observar aves foi a forma que eu encontrei para fortalecer essa conexão com a natureza e encantar outras pessoas para a gratitude que ela nos inspira
— Tietta Pivatto, bióloga
“Quem sabe assim incentivo meus vizinhos a observar as aves pela janela, de forma a aliviar o estresse da quarentena. Também divulguei a iniciativa nas redes sociais na esperança de ajudar outras pessoas a fazerem o mesmo em seus condomínios. O importante é sempre divulgar conhecimento e ações que possam ser usadas na educação ambiental”, finaliza.
Fonte: G1