Um projeto-piloto inovador sobre água estruturada aplicada à irrigação acaba de ser iniciado nas Bacias Hidrográficas do Descoberto e do Paranoá, em Brasília (DF).
O nome água estruturada refere-se às moléculas de água que se realinham de forma perfeita em grupos herméticos, fazendo com que a água se torne mais densa ou concentrada.
Aplicada à irrigação, ela pode trazer benefícios como aumento da germinação e peso seco de sementes; aumento da produção de folhas, frutos e comprimento de raízes; e aumento das propriedades bactericidas da água.
Inédita no Brasil, a ação é implementada pela Secretaria do Meio Ambiente (SEMA-GDF) e integra o Projeto CITinova, cujo objetivo é verificar o aumento de produtividade e/ou redução da necessidade de água para irrigação a partir do uso do tratamento magnético.
O início da experiência-piloto foi marcado pelo plantio de algumas espécies selecionadas (alface, milho e rabanete) na Chácara Colina, em Brazlândia (DF).
O teste será aplicado em duas áreas-piloto: em uma estufa da Fazenda Água Limpa, da Universidade de Brasília (sistema controlado), e na chácara localizada na área da Bacia do Descoberto (sistema aberto).
O secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, Sarney Filho, ressaltou que o local escolhido é uma propriedade certificada para produção orgânica, que conta com uma vegetação nativa preservada envolta de todas as áreas de produção e com nascente afluente do Córrego Barrocão.
O plantio ocorre no período da seca para evitar a interferência da água da chuva na irrigação. “É uma alegria poder contribuir e participar do estudo. A falta de água é um problema grave em todo o mundo”, lembrou o produtor rural orgânico, Luís Carlos Pinagé.
Esta é uma das iniciativas do CITinova, um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para a promoção de sustentabilidade nas cidades brasileiras por meio de tecnologias inovadoras e planejamento urbano integrado.
Com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente, o projeto é executado, em Brasília, pela SEMA , com gestão do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).
O estudo iniciado é desenvolvido com o apoio da Universidade de Brasília (UnB) e do Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade (Cirat).
Benefícios
Tratamentos magnéticos estão sendo usados na agricultura, como técnica não invasiva, para melhorar a produtividade e a produção das culturas.
A água tratada magneticamente interfere na fisiologia de plantas e, alguns estudos apontam que ocorre a interação solo-água, apresentando maior umidade do solo, quando comparada com a água convencional.
Segundo os estudos já realizados, o uso da água tratada magneticamente pode reduzir os intervalos de irrigação, o que seria mais eficiente; aumentar a velocidade e o percentual de germinação das sementes; além de melhorar a produção e a produtividade das culturas agrícolas.
“Estamos testando por meio do projeto novas abordagens no uso da água e a eficácia dessas abordagens. Explorar a nano estrutura aplicada à irrigação tem como foco fazer uma melhor gestão da água. Temos um período crítico de seca no Distrito Federal, por isso é importante termos acesso a técnicas inovadoras que possam ser usadas na agricultura”, afirmou a coordenadora Executiva do Projeto GEF/CITinova, Nazaré Soares.
Metodologia
Os tratamentos serão constituídos por três níveis de indução magnética, a serem aplicadas na água de irrigação; além de um acompanhamento com água não magnetizada.
Segundo o professor João José da Silva Júnior, da Faculdade de Agronomia da UnB, para cada espécie foram definidos critérios específicos de avaliação. “Com a experiência, espera-se obter a intensidade que proporciona maior desenvolvimento vegetativo, produção de fitomassa e produtividade da cultura das espécies selecionadas (milho, rabanete e alface)”.
O coordenador do Cirat, Marcelo Giovani Alves, explicou que a indução magnética é feita dentro de tubos e que foram adquiridos três equipamentos: um brasileiro, um chinês e um americano, para uma melhor análise. “Desenvolver essa pesquisa no Brasil é muito importante porque seus resultados podem ajudar milhares de agricultores”.
Fonte: ONU