Cientistas da Universidade de Hokkaido, no Japão, identificaram um ponto atípico de derretimento de subgeleiras no leste da Antártida. Suas descobertas foram publicadas nesta segunda-feira (24), no periódico Nature Communications, e prometem atualizar as previsões de aumento do nível do mar.
A 58ª Expedição Japonesa de Pesquisa na Antártida analisou a geleira Shirase, situada na parte oriental do continente, quando grandes áreas de gelo se romperam, o que permitiu aos cientistas analisarem a baía de Lützow-Holm, região de difícil acesso. “Nossos dados sugerem que o gelo diretamente abaixo da Shirase Glacier Tongue [geleira Shirase] está derretendo a uma taxa de 7 a 16 metros por ano”, disse Daisuke Hirano, um dos pesquisadores, em comunicado.
A camada de gelo da Antártica é o maior reservatório de água doce da Terra e, se derreter por completo, pode levar a um aumento de 60 metros no nível do mar global. As previsões atuais, inclusive, estimam que o nível dos oceanos aumentará um metro até 2100 e mais de 15 metros até 2500.
A recente expedição coletou dados sobre a temperatura da água, salinidade e níveis de oxigênio de 31 pontos no leste antártico entre janeiro e fevereiro de 2017 e os combinou com o que já era conhecido sobre as correntes oceânicas e o vento naquela parte do mundo. Graças a um modelo computacional, os cientistas concluíram que o derretimento do gelo é resultado do fluxo de águas quentes profundas que atingem parte da geleira Shirase.
Como explicam os especialistas, a maior parte dos estudos da interação oceano-gelo foi conduzida nas plataformas de gelo na Antártida Ocidental, enquanto a região leste do continente têm recebido muito menos atenção. Isso acontece porque os pesquisadores acreditam que a água abaixo do gelo por ali é fria, inibindo o derretimento das geleiras.
O novo estudo, entretanto, mostra que a água quente se move ao longo de um vale oceânico subaquático profundo e, em seguida, flui para cima ao longo da geleira Shirase. Esse movimento, por sua vez, carrega o gelo derretido para fora da geleira, misturando-o com a água do degelo glacial.
A equipe também descobriu que esse derretimento ocorre o ano todo, mas é afetado pelos ventos do leste, ao longo da costa, que variam sazonalmente. Segundo os cientistas, quando as lufadas de ar diminuem durante o verão, o influxo das águas quentes profundas aumenta, acelerando a taxa de degelo.
“Planejamos incorporar esses dados e outras informações futuras em nossos modelos computacionais”, disse Daisuke Hirano. “Isso nos ajudará a desenvolver previsões mais precisas das flutuações do nível do mar e das mudanças climáticas.”
Fonte: Revista Galileu