Derretimento de gelo na Antártida revela ossos e múmias de pinguins

Nova análise sugere que restos mortais pertenceram a pelo menos três períodos de ocupação da área pelos animais, sendo a última há 800 anos.

Aquecimento global revela ossos e múmias de pinguins na Antártica (Foto: Steven Emslie)

Em uma expedição à Antártida, o pesquisador Steven Emslie, da Universidade da Carolina do Norte em Wilmington, nos Estados Unidos, encontrou os restos mortais de vários pinguins-de-adélia. A descoberta é peculiar, porque foi feita no Cabo Irizar, próximo ao mar de Ross, ao sul da Nova Zelândia, região em que colônias da espécie jamais foram observadas.

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A pesquisa foi publicada por Emslie em 18 de setembro no Geology e relata a descoberta de restos antigos e alguns mais “frescos”, principalmente de filhotes, que frequentemente morrem e se acumulam nas colônias. Segundo o estudioso, ele encontrou ossos de filhotes espalhados na superfície, junto com manchas de guano (restos de fezes acumuladas), sugerindo a ocupação recente do local, o que não seria possível.

Ossos antigos já na superfície (Foto: Steven Emslie)

Além disso, havia múmias praticamente intactas de alguns pinguns e restos do que parecem ter sido ninhos de pinguins-de-adélia. “No geral, nossa amostragem recuperou uma mistura de restos de pinguins antigos e recentes, implicando múltiplos períodos de ocupação e abandono [dessa região] ao longo de milhares de anos”, disse Emslie, em declaração.

Ossos de pinguim e guano (Foto: Steven Emslie)

Como explica o especialista, os restos mortais indicam pelo menos três períodos de ocupação do Cabo Irizar por pinguins reprodutores, com o último terminando por volta de 800 anos atrás. Em algum momento essa ocupação terminou, provavelmente devido ao aumento da cobertura de neve na região, e os restos “frescos” na superfície foram preservados no gelo até recentemente.

aquecimento global aumentou a temperatura anual no mar de Ross em 1,5 a 2,0 °C desde a década de 1980, e as imagens de satélite dos últimos dez anos mostram a área emergindo gradualmente debaixo da neve. De acordo com Emslie, foi justamente esse processo de derretimento que revelou os pinguins há muito congelados.

Ossos emergindo da neve (Foto: Steven Emslie)

“Essa é a melhor explicação para a confusão de restos de pinguins de diferentes idades que encontramos lá”, afirmou Emslie. “Em todos os anos que tenho feito essa pesquisa na Antártida, nunca vi um lugar como esse.”

Colônia abandonada pelos pinguins (Foto: Steven Emslie)
Região do Cabo Irizar, no mar de Ross, onde a descoberta foi feita (Foto: Steven Emslie)

Fonte: Galileu