Novembro teve as temperaturas mais altas para o mês em toda a história, diz relatório

Documento do serviço de mudanças climáticas europeu aponta que as temperaturas do mês passado foram 0,77ºC mais elevadas do que a média de 1981 a 2010, e superaram em 0,13ºC os recordes anteriores, registrados em 2016 e 2019.

Foto mostra homem de 84 anos tentando salvar casa onde morou por 77 anos em meio a um incêndio em Vacaville, Califórnia, no dia 19 de agosto. — Foto: Noah Berger/AP

O mês passado foi o novembro mais quente da história mundial, anunciou nesta segunda-feira (7) em um relatório o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia.

De acordo com as análises, as temperaturas de novembro de 2020 foram 0,77ºC mais altas do que a média para o mês dos 30 anos de 1981 a 2010. Também superaram em 0,13ºC os recordes anteriores para esse período, registrados em 2016 e 2019.

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Os 12 meses entre dezembro de 2019 e novembro de 2020 registraram temperaturas 1,28ºC superiores na comparação com a era pré-industrial, segundo o balanço.

O período de 2015 a 2020 também representa os 6 anos mais quentes já registrados na história. O resultado aproxima o planeta do primeiro limite estabelecido pelo Acordo de Paris sobre o clima, assinado em 2015 por quase 200 países.

O pacto pretende fazer com que a temperatura do planeta aumente menos que 2 ºC – e, se possível, menos que 1,5 ºC – em relação à que era na época pré-industrial. O aumento já está próximo de 1,2 ºC, e o planeta ganha, em média, 0,2ºC a cada década desde o fim dos anos 1970, aponta o programa Copernicus.

Aquecimento

Embarcação navega entre pedaços de degelo no mar do Ártico em 2019 — Foto: Christian Aslund/Greenpeace/Divulgação

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou, na semana passada, que 2020 deve ficar no pódio de anos mais quentes. Os dados provisórios deixam este ano, até agora, na segunda posição, atrás apenas de 2016, mas a diferença é tão pequena que a classificação pode mudar.

Ao adicionar os dados de novembro, 2020 ficou mais perto do recorde de 2016, destacou o balanço Copernicus.

“Estes recordes estão de acordo com a tendência, a longo prazo, do aquecimento do planeta“, comentou Carlo Buontempo, diretor do programa europeu sobre mudanças climáticas.

Ele também pediu aos governantes que “observem os recordes como sinais de alerta e busquem as melhores formas de respeitar os compromissos do Acordo de Paris”.

Ativistas das mudanças climáticas esperam que a reunião de cúpula programada para sábado (12) pela ONU e o Reino Unido, pelo quinto aniversário do Acordo de Paris, sirva para dar um um novo impulso às metas estabelecidas para combater o aquecimento global.

Em novembro, as temperaturas foram especialmente elevadas na Sibéria, no Oceano Ártico, em parte do norte da Europa e dos Estados Unidos, América Latina e oeste da Antártica.

O bloco de gelo do Ártico atingiu o segundo menor nível já visto em 40 anos de medição por satélite. Carlo Buontempo, do programa europeu de mudanças climáticas, descreveu a situação como “preocupante”, e que destaca “a importância de uma vigilância global do Ártico, que registra o aumento da temperatura de modo mais rápido que o resto do mundo”, disse.

Hemisfério Sul

Foto aérea mostra incêndio na ilha australiana de Fraser Island, no dia 30 de novembro. — Foto: Queensland Fire and Emergency Services via Reuters

E enquanto o verão no Hemisfério Sul está apenas começando, a Austrália já registrou sua primeira onda de calor, com 48°C em Andamooka, no sul do país, e novos incêndios florestais na Ilha Fraser, incluída no patrimônio mundial da Unesco.

A Europa registrou o outono mais quente de sua história, com temperaturas quase 1,9 ºC mais elevadas que no período de referência, e 0,4 ºC superiores ao recorde anterior, do outono de 2006.

A base de dados de satélite do Copernicus para a observação das temperaturas data de 1979, mas o programa também considera dados climáticos até a era pré-industrial para determinar tendências climáticas de longo prazo.

Fonte: G1