Grupo de pesquisa descobre 15 novas espécies de fungos em área de proteção ambiental no Acre

Grupo do Laboratório de Botânica e Ecologia Vegetal da Universidade Federal do Acre (Ufac) fez uma pesquisa na Área de Proteção Ambiental (APA) Lago do Amapá. Estudo começou em 2017 e terminou esse ano com a publicação de um livro com todas as informações.

Espécie de cogumelo Oudemansiella cubensis foi uma das descobertas na área e é comestível — Foto: Arquivo pessoal

Um grupo de estudantes e professores do Laboratório de Botânica e Ecologia Vegetal da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco, que faz pesquisas sobre espécies de plantas e macrofungos, descobriu 15 novas espécies de fungos durante um trabalho de campo na Área de Proteção Ambiental (APA) Lago do Amapá.

A pesquisa, que iniciou em 2017, registrou 192 cogumelos e resultou na produção de uma lista com 101 espécies. Destas, 15 são inéditas no estado. Todo estudo e descobertas foram divulgados, no mês de novembro, no livro Biodiversidade e Biotecnologia no Brasil – volume 1 (capítulo 9), lançado pela Editora Stricto Sensu.

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Todo material produzido, fotos, informações e dados compõe também uma lista. Essa é a primeira lista de espécies de macrofungos da APA produzidas para uma unidade de conservação do estado acreano.

O professor Marcos Silveira explicou que essas novas espécies já existem em outras regiões do país, mas ainda não tinham sido encontradas no Acre. Algumas das novas espécies são comestíveis.

“Esse estudo é relevante porque a flora do Acre tem uma história desde 1901, então, desde essa época os botânicos vem estudando, mas essa parte da diversidade é meio invisível para a gente. Então, os fungos somente agora, nos últimos dois e três anos, que a gente vem identificando os estudos com eles”, destacou o professor Marcos Silveira.

Ainda segundo o professor, a partir dos estudos é permitido saber o que tem na área e o futuro potencial, que espécies são comestíveis, quais são parasitas de insetos ou tenha relação com o sub-extrado que são cogumelos ou fungos que crescem apenas em madeira, folhas ou ramos.

“Conhecendo o que temos na área, no caso na unidade de conservação, a gente tem condições de trabalhar em prol da conservação, mas, além disso, podemos ter no futuro, para quem trabalha com biotecnologia, uma fonte de inesgotável de informações que podem ser testadas porque muitos desses fungos têm aplicação em medicina, principalmente.

Phallus Indusiatus é uma das novas espécies catalogadas pelos pesquisadores — Foto: Arquivo pessoal

Trilha e visitação

O professor acrescentou que na área de proteção existe uma trilha e existe a intenção é subsidiar a visitação pública autoguiada, sem precisar de um guia. Para isso, o grupo pretende elaborar um guia ilustrado com imagens das espécies e sinalizar as árvores ao longo da trilha.

“Nossa ideia é fazer tanto da flora de plantas com flores e também de samambaías, de fungos e tem pelo menos os mais abundantes, que são facilmente encontrados, e no caso das árvores vamos colocar plaquetas ao longo do caminho. Com um mapinha, a pessoa olha o número no mapa e encontrar a árvore e planta no caminho, olhar e ver o nome dela”, destacou.

Espécie de fungo Akanthomyces Tuberculata ainda não tinha sido encontrada no Acre — Foto: Arquivo pessoal

Espécies catalogadas

A estudante do 5º período do curso de Ciências Biológicas Chirley Gonçalves explicou a catalogação das espécies terminou no mês de novembro. O grupo de Chirley trabalhou em parceria com pesquisadores de plantas que estavam no local.

Durante a pesquisa, Chirley falou que foram coletadas amostras das plantas, flores, frutos e dos fungos. O material era prensado, secado em uma estufa de ventilação e montado com cola quente em cartolinas com as informações adquiridas durante a pesquisa.

“A gente arrancava o fungo onde estava, colocávamos dentro de uma maletinha para ficar armazenado até a gente chegar no laboratório para fazer a triagem dele. Tirávamos fotos deles e colocava na estufa para seca a uma temperatura de mais ou menos 30º graus. Depois a gente armazenava dentro de um isopor”, concluiu.

Fonte: G1