A maior parte das fibras de microplástico que estão poluindo o Oceano Ártico vem de roupas de tecidos sintéticos, concluiu um estudo publicado na última terça-feira (12) na revista Nature Communications.
Liderada por Peter Ross, pesquisador de poluição marinha na Ocean Wise Conservation Association, no Canadá, a pesquisa analisou a presença dessas partículas plásticas – que têm até 5 milímetros de diâmetro – em águas salgadas em 71 estações espalhadas ao norte da Europa e da América do Norte, incluindo o Polo Norte. Além de pegarem amostras que estavam a uma profundidade de 3 a 8 metros, Ross e sua equipe de cientistas também coletaram porções de água contaminada a uma profundidade de 1.015 metros.
Leia também:
Ao usarem uma técnica conhecida como espectrometria de infravermelho com transformada de Fourier, os pesquisadores perceberam que havia uma média de 40 partículas de microplástico por metro cúbico nas águas do Ártico, sendo que 92,3% delas eram fibras de microplástico – e 73,3% deste número era poliéster. A forma, o tamanho e o tipo desse material encontrado era muito parecido com aquele que é usado em roupas.
O estudo também demonstrou que as concentrações de microplásticos eram quase três vezes maiores no Ártico Oriental (que fica acima do Oceano Atlântico Norte e da Europa Ocidental) do que no Ártico Ocidental (acima do Alasca e da costa a oeste do Canadá).
Os pesquisadores acreditam que as microfibras poluentes vêm da lavagem de roupas na Europa e na América do Norte. “Essas estimativas seguem relatórios de um grande número de microfibras sendo derramado por vários tecidos em lavanderias domésticas e uma predominância de microfibras sintéticas em águas residuais municipais”, escreveram.
De acordo com um relatório coescrito por Peter Ross, estima-se que cada residência americana e canadense libere cerca de 533 microfibras (cerca de 135 gramas) da lavagem de roupas por ano.
“Embora novos inventários sem dúvida contribuirão para a identificação da fonte do microplástico no Ártico, acreditamos que a liberação combinada e histórica de águas residuais da Europa, das Américas e da Ásia justifica um exame científico adicional”, afirmaram os autores do estudo publicado na Nature Communications.
Fonte: Galileu