A Nasa começou no último fim de semana o “desembarque” do helicóptero Ingenuity, que foi levado até a superfície de Marte a bordo do rover Perseverance. O processo, que está sendo conduzido cuidadosamente, é parte dos preparativos para o primeiro voo de uma aeronave na superfície de outro planeta, que pode acontecer já na próxima semana.
A sequência de operações deve levar cerca de seis dias, e está sendo realizada com extremo cuidado. “Assim que começarmos o desembarque, não há como voltar atrás”, disse Farah Alibay, líder de integração do helicóptero com o Perseverance.
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“Todas as atividades são cuidadosamente coordenadas, irreversíveis, e dependem uma da outra. Se houver o menor sinal de que algo não está ocorrendo como esperado, podemos decidir aguardar um sol (nome dado ao dia marciano) ou mais até termos uma melhor ideia do que está acontecendo”.
O processo começou com a liberação de uma trava que mantinha o helicóptero preso à “barriga” do rover. A seguir um dispositivo pirotécnico foi acionado, cortando um cabo para permitir que o Ingenuity seja rotacionado para a posição vertical.
Nesta terça-feira todas as pernas do helicóptero foram esticadas. Ele se mantém suspenso no ar, conectado ao rover apenas por um parafuso e alguns conectores elétricos. Antes de ser liberado, suas baterias serão recarregadas usando o gerador termoelétrico a bordo do rover.
Quando a carga estiver completa, as últimas conexões serão desfeitas e o helicóptero será depositado sobre o solo marciano. O primeiro de cinco voos, que terão de ser realizados ao longo de 30 dias, poderá ocorrer já no início da próxima semana. Ele deve ser simples: uma decolagem vertical, subida a 3 metros de altitude, 30 segundos pairando no ar e um pouso. Todos os testes serão fotografados e filmados pelo Perseverance.
Ingenuity é uma “prova de conceito”
Vale lembrar que o Ingenuity é puramente uma prova de conceito: “O Ingenuity é um teste experimental de engenharia – queremos ver se podemos voar em Marte”, disse MiMi Aung, gerente de projeto do Ingenuity no JPL.
“Não há instrumentos científicos a bordo e nem metas de obtenção de informações científicas. Estamos confiantes que todos os dados de engenharia que desejamos obter na superfície de Marte e no alto podem ser obtidos dentro dessa janela de 30 sóis”.
A equipe compara o voo do Ingenuity com o primeiro voo dos irmãos Wright, que nos EUA são considerados os pais da aviação, em 17 de dezembro de 1903. Para reforçar a conexão, o Ingenuity leva consigo, enrolado em um cabo, um pedaço da lona usada para revestir o “Wright Flyer”, aeronave que realizou o feito.
Não é a primeira vez que um artefato da história da aviação vai ao espaço. Um outro pedaço da lona do Wright Flyer, bem como uma lasca da madeira usada como suporte de uma das asas, foram levados à Lua e depois voltaram à Terra na missão Apollo 11, em 1969.
Fonte: Olhar Digital