Imagine um molusco com dentes de ferro. O que parece uma cena de filme da Marvel na verdade é real e foi comprovado por pesquisadores da Northwestern University, em Illinois, nos Estados Unidos. Após inúmeras análises, eles detectaram o mineral conhecido como Santabarbaraíte nos dentes de um tipo de quíton apelidado de “bolo de carne errante”.
A descoberta revelou a existência de um material extremamente resistente em um organismo vivo como nunca havia sido observado antes, abrindo precedentes para novos usos desse mineral.
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Essas minúsculas partículas de ferro são leves e ajudam a endurecer a raiz dos dentes do molusco. Agora, os pesquisadores estudam utilizar essa substância no projeto de novos tipos de materiais. A pesquisa já rendeu uma nova tinta inspirada pelo quíton, para impressão de materiais ultraduros e resistentes em impressoras 3D.
Novos rumos para o minério de ferro
A existência de um mineral raro feito à base de ferro nos dentes dos moluscos não é novidade, mas na estrutura da raiz, sim. Utilizando várias técnicas de imagens avançadas, como espectroscopia, os cientistas conseguiram analisar as propriedades físicas e químicas do material ao interagi-lo com a luz e outras formas de radiação eletromagnética.
Ao verificar a presença do material na raiz dos dentes, os pesquisadores se aprofundaram na microscopia eletrônica e descobriram o Santabarbaraíte, que só era localizado anteriormente em espécies geológicas em quantidades muito pequenas e jamais havia sido visto em um ser vivo, como no “bolo de carne errante”.
Impressão 3D
Ao misturar o material encontrado no dente do molusco com um composto semelhante a quitina, com adição de líquidos com ferro e fosfato, foi possível criar uma pasta com um mineral bem semelhante ao Santabarbaraíte, fato comemorado pelos cientistas. “É um material que pode ser impresso e fica pronto para o uso em uma impressora 3D”, disse à Live Science, Derk Joester.
Outra vantagem é que o material descoberto é flexível, podendo ser usado também no campo da robótica, como na criação de máquinas que sejam duras em alguns lugares e macias e flexíveis em outros.
“Deve ser possível misturar a tinta em uma proporção que você pode alterar imediatamente antes da impressão, permitindo que você altere a composição, a quantidade de nanopartículas e até a resistência do material”, concluiu Joester.
Fonte: Olhar Digital