A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, visitou neste domingo (18/07) áreas devastadas pelas piores inundações em décadas no oeste do país. A catástrofe deixou pelo menos 159 mortos na Alemanha e muitas pessoas seguem desaparecidas. Centenas continuam evacuadas pelo temor do rompimento de barragens.
Merkel percorreu o vilarejo de Schuld, no estado da Renânia-Palatinado, um dos dois mais atingidos pelas chuvas. No local, o transbordamento do rio Ahr destruiu casas e deixou as ruas cheias de escombros.
“É uma situação surreal e fantasmagórica. Diria até que o idioma alemão tem dificuldade em encontrar palavras para descrever a devastação causada”, disse Merkel a jornalistas.
Embora o prefeito de Schuld tenha relatado que ninguém morreu ou ficou ferido na cidade, outros locais não tiveram a mesma sorte. O número de mortos na região de Ahrweiler, onde Schuld está localizada, chega a 112. No estado vizinho da Renânia do Norte-Vestfália, mais de 40 pessoas morreram, incluindo quatro bombeiros. A vizinha Bélgica confirmou 27 mortes.
Merkel também afirmou que as autoridades trabalharão para “consertar” tudo “nesta bela região, passo a passo” e que seu governo vai aprovar um programa de ajuda estatal imediata na próxima semana.
O ministro das Finanças, Olaf Scholz, disse ao jornal Bild am Sonntag que mais de 300 milhões de euros (R$ 1,8 bilhão) serão necessários imediatamente. Segundo Scholz, o custo total de reconstrução, considerando enchentes anteriores, deve ficar na casa dos bilhões de euros.
“Felizmente, a Alemanha é um país que pode administrar isso financeiramente”, disse Merkel, que deve deixar o cargo em setembro, após quase 16 anos. “A Alemanha é um país forte e vamos enfrentar essa força da natureza no curto prazo – mas também no médio e longo prazo, por meio de uma política que preste mais atenção à natureza e ao clima do que fizemos nos últimos anos”, disse a chanceler federal.
Especialistas afirmam que o aquecimento global faz com que os eventos climáticos extremos se tornem mais frequentes.
“Temos de nos apressar, temos de ser mais rápidos na luta contra as alterações climáticas”, prosseguiu Merkel, apontando para as políticas já adotadas por Alemanha e União Europeia para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. “Uma inundação apenas não é um exemplo de mudança climática, mas se olharmos para esses eventos dos últimos anos, décadas, eles estão simplesmente cada vez mais frequentes, então devemos fazer um esforço maior”, completou Merkel.
Nos últimos dias, as águas começaram a baixar na Renânia-Palatinado e Renânia do Norte-Vestfália, onde prosseguem trabalhos de limpeza, remoção de escombros e busca por desaparecidos. A preocupação agora se volta para a região sul da Alta Baviera, onde fortes chuvas inundaram porões e provocaram transbordamentos de rios na noite de sábado.
Também no sábado, o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, já havia visitado a região afetada pela destruição no oeste do país. Ele esteve em Erftstadt, a sudoeste de Colônia, junto com o governador da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet. A cidade de 50 mil habitantes foi uma das mais atingidas pelas enchentes que assolam o país.
“Lamentamos por aqueles que perderam amigos, conhecidos ou familiares”, disse Steinmeier. “Seu destino nos parte o coração”, acrescentou.
No entanto, as palavras de Steinmeier acabaram sendo obscurecidas por causa de uma gafe do governador Laschet, que também é o candidato do partido de Merkel, a União Democrata-Cristã (CDU) à chancelaria federal nas eleições de setembro.
Enquanto Steinmeier falava aos jornalistas, era possível ver Laschet ao fundo rindo na companhia de assessores, como se tivesse ouvido uma piada. A atitude foi amplamente criticada pela imprensa alemã e por usuários de redes sociais. “Laschet ri enquanto o país chora”, estampou o tabloide conservador Bild. Posteriormente, Laschet pediu desculpas “pela impressão que as imagens podem ter passado”.
Ainda neste domingo, o papa Francisco expressou solidariedade para com as populações dos países da Europa Central atingidas pelas chuvas torrenciais, inundações e enxurradas.
“Expresso a minha solidariedade para com as populações da Alemanha, Bélgica e Países Baixos atingidas por catástrofes e inundações”, declarou o pontífice.
Fonte: Deutsche Welle