A União Europeia (UE) enviou ajuda para a Turquia nesta segunda-feira (02/08), e voluntários se juntaram a bombeiros na luta contra fortes incêndios que já duram seis dias e mataram oito pessoas no país. Em meio a uma onda de calor que atinge o sul da Europa, com temperaturas acima dos 40 °C, brigadistas também combatem chamas em partes da Grécia, da Itália e da Espanha.
Na Turquia, os piores incêndios florestais em ao menos uma década assolam regiões turísticas às margens do Mediterrâneo e do mar Egeu. As chamas forçaram residentes e turistas a deixarem casas e hotéis e destruíram vastas áreas de florestas, que especialistas estimam que podem levar décadas para se recuperar.
No domingo, moradores do vilarejo de Cokertme, por exemplo, tiveram que escapar de barco ou de carro à medida que o fogo se aproximava – cenas descritas pelo prefeito do resort próximo de Bodrum, Ahmet Aras, como “inferno”.
Autoridades turcas afirmaram que mais de cem focos de incêndio foram registrados em 35 cidades do país desde quarta-feira. Sete delas continuam em chamas nesta segunda. Serviços meteorológicos alertaram moradores para a qualidade do ar ruim.
No domingo, a UE anunciou que ajudou a mobilizar um avião da Croácia e dois da Espanha para ajudar a Turquia, os quais devem chegar ao país nestas segunda e terça.
Os termômetros em Antalya chegaram a marcar 42 °C, cerca de 5 a 6 °C acima da média.
Calor vindo do Norte da África
A onda de calor alimentada por massas de ar quente do Norte da África causou dezenas de incêndios na costa mediterrânea, incluindo na ilha da Sicília e em outras partes da Itália.
Numa praia em Pescara, no leste do país, ao menos cinco pessoas ficaram feridas, e turistas foram removidos da área após as chamas devastarem árvores na reserva natural de Pineta Dannunziana. Cerca de 800 pessoas tiveram que deixar suas casas.
Mais de 800 focos de incêndio foram registrados ao longo do fim de semana, sobretudo no sul do país. “Nas últimas 24 horas, bombeiros realizaram mais de 800 intervenções: 250 na Sicília, 130 na Apúlia e na Calábria, 90 no Lácio e 70 na Campânia”, informaram os bombeiros no domingo.
No fim de semana anterior, mais de 20 mil hectares de florestas, oliveiras e plantações foram destruídos por um incêndio na Sardenha.
“Imensa catástrofe”
Na Grécia, vilarejos também foram evacuados e pessoas foram hospitalizadas com queimaduras e problemas respiratórios após um incêndio de grandes proporções ter início perto de Patras, no oeste do país, no sábado. Cerca de 20 casas foram destruídas pelo fogo. O prefeito do vilarejo próximo de Aigialeias, Dimitris Kalogeropoulos, descreveu o cenário como “uma imensa catástrofe”.
Dezenas de casas, celeiros e estábulos também foram consumidos pelo fogo nos vilarejos de Ziria, Kamares, Achaias e Labiri. O resort de Loggos também foi evacuado.
Um grande incêndio que eclodiu na ilha de Rodes no domingo foi contido nesta segunda, mas em meio a uma forte seca e ventos fortes, o risco de novas chamas segue alto, segundo os bombeiros.
Dezenas de incêndios florestais foram registrados na Grécia durante este verão. Dados da UE apontam que 13.500 hectares já foram atingidos pelo fogo, bem acima da média de 7.500 neste período do ano, registrada entre 2008 e 2020.
A onda de calor descrita por meteorologistas como histórica e que já dura quase uma semana deve continuar a assolar o país nos próximos dias, com a previsão de temperaturas de até 47 °C. Nos últimos dias, termômetros já marcaram mais de 40 °C durante o dia e mais de 30 °C durante a noite. O calor prolongado e o uso de ares-condicionados vêm deixando o sistema elétrico do país no limite.
Mudança climática
Na Espanha, dezenas de bombeiros apoiados por aviões lutaram no fim de semana contra um incêndio que eclodiu na reserva de San Juan, cerca de 70 quilômetros a leste de Madri. Autoridades pediram que as pessoas evitassem a área, popular entre banhistas da capital.
Dados da UE mostram que a temporada de incêndios deste ano tem sido significativamente mais destrutiva do que o habitual. As chamas são impulsionadas pelas temperaturas elevadas e ventos fortes, e especialistas afirmam que a mudança climática aumenta tanto a frequência quanto a intensidade dos incêndios.
Fonte: Deutsche Welle