Um terço dos tubarões, raias e quimeras estão ameaçados de extinção

Estudo com mais de 1,1 mil espécies de peixes cartilaginosos indica que 32% correm risco de desaparecer, segundo critérios da União Internacional para Conservação da Natureza

O peixe-guitarra gigante (Rhynchobatus djiddensis), classificado como criticamente ameaçado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) (Foto: Matthew D. Potenski/IUCN SSC)

A biodiversidade do planeta está cada vez mais em risco. Um dos mais recentes sinais de alerta é que um terço dos peixes cartilaginosos (chondrichthyans), como tubarões, raias e quimeras, estão ameaçados de extinção, segundo critérios da Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).

O fato vem de um estudo publicado na revista científica Current Biology na última segunda-feira (6). A avaliação constatou que o número de chondrichthyans ameaçados duplicou desde a última análise, realizada em 2014.

A nova pesquisa considerou mais de 1,1 mil espécies, das quais 391 (32%) entram para três tipos de classificação da IUCN de animais sujeitos à extinção. E o cenário pode ser ainda pior: se consideradas espécies menos estudadas, o índice poderia ser de 37,5%.

Um total de 90 espécies de chondrichthyans (7,5%) estão criticamente ameaçadas, outras 121 (10,1%) correm o risco de desaparecer e 180 (15%) estão vulneráveis, segundo a lista. Além do mais, menos da metade de todos os tipos de peixes cartilaginosos (44,1%) apresenta baixa preocupação de conservação.

Gráfico mostra variedade da classe de peixes chondrichthyan segundo a quantidade de espécies restantes (Foto: Nicholas K. Dulvy et.al)

O levantamento indicou ainda que 41% das 611 espécies de raias avaliadas estão ameaçadas. Também correm perigo de extinção 35,9% dos 536 tipos de tubarões e 9,3% dos 52 grupos de quimeras.

A ameaça é mais alta em águas tropicais e subtropicais, onde mais de três quartos das espécies estão sob risco de extinção. “Os trópicos hospedam uma incrível diversidade de tubarões e raias, mas muitas dessas espécies vulneráveis ​​foram pesadamente pescadas por mais de um século por uma ampla gama de zonas de pesca que permanecem mal administradas, apesar de incontáveis ​​compromissos para melhorar”, afirma Colin Simpfendorfer, professor que liderou o estudo, em comunicado.

Tubarão Carcharhinus obsoletus, que está praticamente extinto (Foto: Wikimedia Commons )

Praticamente todos os chondrichthyans (99,6%) estão ameaçados pela pesca, mas outros fatores também afetam esses animais. Entre eles: destruição de seu habitat para fins de desenvolvimento, que atinge 25,8% das espécies; agricultura e aquicultura (9,5%); poluição (6,9%) e mudanças climáticas (10,2%), que degradam recifes de coral e aquecem águas oceânicas.

Segundo Nicholas Dulvy, especialista que colaborou com a pesquisa, os resultados revelam uma realidade cada vez mais sombria, com as ameaças aos peixes cartilaginosos sendo só menos piores do que as que prejudicam os anfíbios. “O esgotamento generalizado desses peixes, particularmente tubarões e raias, põe em risco a saúde de ecossistemas oceânicos inteiros e a segurança alimentar de muitas nações ao redor do globo”, comenta Dulvy.

Fonte: Galileu