Ao analisarem amostras de tecido do pulmão coletadas durante cirurgias, pesquisadores da Hull York Medical School e da Universidade de Hull, ambas na Inglaterra, encontraram 12 tipos diferentes de microplástico nos órgãos humanos. Essas partículas com menos de 5 milímetros estavam principalmente no trato inferior pulmonar, mas também no superior, podendo provocar danos à saúde.
Os resultados do experimento foram publicados em 29 de março na revista Science of The Total Environment. Na análise, a equipe encontrou 39 pedaços de microplástico em 11 das 13 amostras de pulmão — um número maior do que já visto em qualquer estudo de laboratório anterior.
Entre os tipos de plástico encontrados na pesquisa estavam aqueles usados em embalagens, garrafas, roupas sintéticas e diversos processos de manufatura. Sabe-se que esses pedacinhos pode estar inclusive na água e em alimentos que consumimos. “Microplásticos já foram encontrados em amostras de autópsia de cadáveres humanos — este é o primeiro estudo robusto a mostrar microplásticos em pulmões de pessoas vivas”, ressalta Laura Sadofsky, principal autora do artigo, em comunicado.
A especialista conta ainda que as vias aéreas do pulmão são muito estreitas, então ninguém imaginava que os resíduos poderiam chegar lá. Mas chegam: dos 39 pedaços de polímero coletados, 11 estavam na parte superior do pulmão, sete na região média e 21 na inferior.
“Não esperávamos encontrar o maior número de partículas nas regiões inferiores dos pulmões, ou partículas dos tamanhos que encontramos”, afirma Sadofsky. “Isso é surpreendente, pois as vias aéreas são menores nas partes inferiores dos pulmões, e nós esperaríamos que partículas desses tamanhos fossem filtradas ou presas antes de chegar tão fundo nos pulmões.”
Curiosamente, o estudo aponta também que havia um nível mais alto dos resíduos em homens em relação a mulheres. “Nossa hipótese é que isso se deve ao fato de as vias aéreas femininas serem significativamente menores do que as masculinas, embora o tamanho da amostra relativamente pequeno aqui determine que mais análises sejam realizadas para explorar ainda mais essas diferenças”, escrevem os autores no artigo.
Os pesquisadores esperam que as descobertas possam direcionar estudos futuros sobre o impacto que as partículas de plástico podem ter nos seres humanos. “A caracterização de tipos e níveis de microplásticos que encontramos agora pode informar condições realistas para experimentos de exposição em laboratório com o objetivo de determinar os impactos na saúde”, explica Sadofsky.
Fonte: Galileu